A Eli Lilly (LILY34) atingiu um valor de mercado de cerca de US$ 1 trilhão nesta sexta-feira (21), o que a coloca como a primeira farmacêutica a ultrapassar essa marca e reforça sua consolidação como uma das protagonistas globais no segmento de tratamentos para perda de peso, responsável pela forte valorização de suas ações neste ano.
O crescimento superior a 35% nos papéis da empresa em 2024 acompanha a expansão acelerada do mercado de medicamentos contra a obesidade, impulsionado por terapias mais eficazes e de rápida adoção.
A tirzepatida da companhia, comercializada como Mounjaro para diabetes tipo 2 e Zepbound para obesidade, já assume o posto de medicamento mais vendido do planeta, ultrapassando o Keytruda da Merck.
Mercado de emagrecimento impulsiona resultado da Eli Lilly
Apesar da vantagem inicial da Novo Nordisk com o Wegovy, produtos da Eli Lilly ganharam velocidade no mercado. Analistas entrevistados pela Reuters apontam que dificuldades de fornecimento prejudicaram a rival logo após o lançamento do medicamento em 2021, abrindo espaço para que a farmacêutica norte-americana ampliasse sua produção e se destacasse com resultados clínicos mais consistentes.
As ações da empresa estão sendo negociadas a aproximadamente 50 vezes o lucro estimado para os próximos 12 meses, segundo a LSEG. O desempenho expressivo reflete a confiança dos investidores no avanço contínuo da demanda por medicamentos contra obesidade.
Desde a estreia do Zepbound no fim de 2023, o valor de mercado da companhia saltou mais de 75 por cento, superando com folga a alta do S&P 500 no mesmo período.
Resultados financeiros e projeções para o setor
No último trimestre reportado, a companhia registrou mais de US$ 10 bilhões em receitas provenientes do portfólio de medicamentos para diabetes e obesidade, o que representa mais da metade do total de US$ 17,6 bilhões. Em outubro, a empresa revisou sua previsão anual de faturamento e acrescentou mais de US$ 2 bilhões ao ponto médio de expectativa, refletindo a forte demanda global.
Estimativas de Wall Street apontam que o mercado mundial de medicamentos para emagrecimento pode alcançar US$ 150 bilhões até 2030. Eli Lilly e Novo Nordisk devem concentrar a maior fatia das vendas projetadas, segundo analistas entrevistados pela Reuters.
Entre as expectativas está a aprovação do orforglipron, o medicamento oral de nova geração da companhia, que pode ser liberado já no início do próximo ano. Em análise recente, especialistas do Citi afirmaram que os medicamentos GLP-1 se tornaram um fenômeno de vendas e que a versão oral tende a absorver parte do impulso conquistado pelas formulações injetáveis.
Eli Lilly aposta em expansão nos Estados Unidos
A empresa deve se beneficiar de um acordo com o governo do presidente Donald Trump e de novos investimentos bilionários voltados a ampliar a capacidade produtiva em território norte-americano.
Analistas consultados pela Reuters observam que a política de preços acordada pode reduzir as receitas no curto prazo, mas deve ampliar substancialmente o acesso aos tratamentos, abrindo caminho para até 40 milhões de novos potenciais usuários nos Estados Unidos.
James Shin, diretor de pesquisa de ações biofarmacêuticas do Deutsche Bank, afirmou à Reuters que a Eli Lilly volta a se aproximar do grupo das chamadas Sete Magníficas, formado por empresas como Nvidia e Microsoft, que têm liderado ganhos no mercado acionário.
Para o analista, a farmacêutica já figurou como candidata a esse seleto grupo no passado, mas perdeu espaço após resultados abaixo do esperado. Agora, com a volatilidade recente das ações de empresas de inteligência artificial, a companhia volta a ser vista como uma alternativa relevante entre as grandes apostas de Wall Street.
Desafios para a manutenção do ritmo de crescimento
Apesar do cenário favorável, analistas e investidores monitoram a capacidade da empresa de sustentar seu ritmo atual. A pressão sobre os preços de Mounjaro e Zepbound, além de possíveis impactos em margens, segue no radar.
A expectativa é de que a diversificação do portfólio, os investimentos em expansão e eventuais aquisições possam compensar ajustes de rentabilidade ao longo dos próximos trimestres.






