A Eletrobras (ELET3) sofre com ruído político, apagão e troca de comando.
A companhia, privatizada na metade de 2022, tem estado rotineiramente na imprensa sob intenso fogo cruzado por parte dos agentes políticos.
Uma parte se posiciona contra a desestatização da empresa e coloca as autarquias para tentar alterar a configuração societária.
Outra parte, por sua vez, justifica que a privatização é um caminho sem volta para algumas das principais empresas públicas do país, e o movimento visa enxugar as operações, e dar mais celeridade aos negócios.
Porém, com o apagão de energia ocorrido no Brasil dia 15, um dos lados ganhou certa “munição” para reclamar dos caminhos que foram escolhidos para a empresa em períodos recentes.
Eletrobras (ELET3): avaria
Para piorar, ficou confirmado que no dia do ocorrido foi, de fato, um ativo diretamente ligado à Eletrobras que sofreu uma avaria.
Ainda assim, técnicos ligados tanto à companhia quanto ao Operador Nacional do Sistema (ONS) alegam que a referida avaria, em ativo localizado no Ceará, não teria capacidade de gerar um apagão abrangendo o território nacional. Com isso, as investigações continuam.
Ponto de inflexão
Outro ponto de inflexão diz respeito à saída do CEO Wilson Ferreira Jr., que renunciou ao comando da empresa por dissidência acerca de demandas do conselho de administração.
Profissional com larga experiência, a baixa pegou o mercado de surpresa, obrigou analistas correrem para reavaliar suas posições e respingou diretamente nas ações da empresa, assim como tudo mais.
A ação ELET3 reporta queda de quase 8% no período de cinco dias, enquanto a ação ELET6 desaba 10,12% no período de cinco dias. A primeira está cotada em R$ 34,56 e a segunda em R$ 38.
Senador cita demissões
No dia 16 o senador Plínio Valério (PSDB-AM) alertou, em pronunciamento no Plenário, para a possibilidade de o apagão ter sido causado pela falta de técnicos na Eletrobras.
O senador destacou que, após a privatização da empresa, em 2022, houve demissão em massa de funcionários, conforme levantamento da Agência Senado.
“Não é brincadeira o corte de energia elétrica em 8 milhões de quilômetros quadrados, atingindo dezenas de milhões de brasileiros. Mesmo desconhecendo as causas imediatas do desligamento das linhas, estamos cientes do desligamento dos técnicos necessários para manter o sistema em funcionamento. E é em nome desses técnicos que eu peço que a Eletrobras reavalie a demissão. Essa pode ter sido uma das causas, porque já não há mais assistência técnica, já não há revisão como havia antigamente”, disse.
De acordo com o senador, o Ministério de Minas e Energias chegou a solicitar à Eletrobras, em 20 de julho, que suspendesse os desligamentos, mas não foi atendido. Ele destacou que a pasta mencionava expressamente a preocupação com o sistema elétrico, dada a saída de profissionais qualificados.
Senacon pede esclarecimentos
Já a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça, quer esclarecimentos da Eletrobras sobre a causa da interrupção no fornecimento de energia e as providências que foram tomadas. O apagão atingiu 25 estados e o Distrito Federal.
A notificação da empresa foi feita ontem e, segundo a Secretaria, visa proteger os direitos dos consumidores e garantir que a prestação de serviços essenciais seja realizada com transparência e eficiência.
Segundo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, cerca de 29 milhões de brasileiros foram afetados pelo apagão, um terço dos consumidores.

- VOCÊ LEU SOBRE A ELETROBRAS (ELET3) E PODE INVESTIR EM ATIVOS DE PROTEÇÃO; SAIBA MAIS





