A disputa societária na Azzas 2154 (AZZA3) ganhou um novo capítulo. Após meses de tensão e negociações nos bastidores, os dois principais acionistas da empresa, Alexandre Birmann e Roberto Jatahy, decidiram firmar uma trégua temporária. A informação foi revelada pelo colunista Lauro Jardim, de O Globo.
A decisão é vista como uma tentativa de conter os danos à empresa, que nasceu da fusão entre a Arezzo e o Grupo Soma, realizada em 2024. Menos de 10 meses após essa união, Birmann e Jatahy já cogitavam uma separação — a ponto de ambos contratarem advogados para negociar a saída de Jatahy da nova sociedade.
Por que os sócios decidiram fazer uma trégua?
Segundo Jardim, o principal motivo por trás dessa pausa na crise societária é a forte desvalorização das ações da companhia na Bolsa.
Durante o auge da crise, em março deste ano, os papéis da empresa chegaram a ser negociadas a R$ 24, bem abaixo dos R$ 50 registrados em agosto de 2024. Contudo, os ativos já se recuperaram parcialmente e estão sendo negociados na casa dos R$ 38.
Com o valor de mercado em queda, qualquer movimento abrupto poderia piorar a situação financeira da empresa. Por isso, os sócios optaram por manter uma convivência forçada, como solução temporária para o impasse.
O que está por trás da disputa societária na Azzas 2154?
A disputa societária na Azzas 2154 não é apenas financeira — ela envolve também conflitos de estilo e poder.
De um lado, Alexandre Birmann é conhecido por seu perfil centralizador e agressivo na gestão. Do outro, Roberto Jatahy adota uma abordagem mais descentralizada, com ênfase em marketing e posicionamento de marca.
O maior ponto de atrito, até agora, tem sido a governança da nova empresa. Jatahy chegou a determinar que sua unidade de negócios se reportaria diretamente ao conselho de administração, sem passar por Birmann, o CEO da companhia. A decisão gerou desconforto e foi duramente contestada.
Esse impasse entre os sócios da Azzas 2154 escancarou as diferenças estratégicas e dificultou a integração pós-fusão.
Leia também:
Como está a situação agora?
Apesar da trégua, o clima dentro da Azzas 2154 ainda é de fragilidade institucional. Birmann e Jatahy continuam operando suas respectivas unidades de negócio de forma independente, o que sustenta uma espécie de equilíbrio tenso.
O responsável por tentar manter a estabilidade é Pedro Parente, presidente do conselho de administração. Ele atua como mediador entre os dois lados, mas até agora os esforços não resultaram em um consenso sobre os rumos da empresa.