Menos de oito meses após a fusão entre Arezzo&Co e Grupo Soma, formando a Azzas 2154 ($AZZA3), os principais acionistas da companhia, Alexandre Birman e Roberto Jatahy, estão negociando a separação dos negócios. A informação é do Pipeline, do Valor Econômico.
De acordo com a publicação, ambos os executivos contam com assessores financeiros e jurídicos para estruturar um possível caminho alternativo, mas fontes indicam que o desfecho não deve ocorrer tão rapidamente quanto gostariam.
Birman, CEO da Azzas, está sendo assessorado pelo Morgan Stanley, com orientação do senior advisor Nicola Calicchio, e pelo escritório Spinelli Advogados. Jatahy, que lidera a unidade de moda feminina, tem suporte da G5 e do escritório Barbosa Mussnich.
Ainda segundo o Pipeline, os empresários já discutiram uma cisão das operações, mas não exatamente no formato original. Em um possível cenário, a Hering ficaria com o grupo Arezzo. No entanto, essa estratégia tem resistência devido a repercussões negativas no mercado e potenciais passivos fiscais, embora não esteja totalmente descartada.
Um dos principais pontos de atrito é a estrutura de governança. Jatahy decidiu que sua unidade de negócio responderia diretamente ao conselho de administração, sem se reportar a Birman, uma mudança que é contestada pelo CEO da empresa.
Como solução, Birman propõe a compra da parte de Jatahy na Azzas, o que resultaria na saída do fundador da Soma. Apesar da recomendação, dois entraves dificultam esse plano: a forma como Birman financiaria a transação e o preço que Jatahy aceitaria.
Os dois juntos possuem 33,7% da empresa. Segundo o Pipeline, emissários de Birman já teriam procurado family offices e gestoras de private equity como potenciais investidores para uma eventual negociação. Mas, Jatahy não estaria disposto a vender suas participações ao preço de mercado e exigiria um prêmio sobre os valores atuais.
Em virtude das informações, o grupo Azzas 2154 declarou que não comenta rumores de mercado e que segue focado na execução de suas diretrizes estratégicas.
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Azzas: racha e visões de mundo diferentes
Desde a fusão, analistas do mercado especulavam que uma disputa entre Birman e Jatahy poderia ocorrer devido a diferenças no estilo de gestão.
O primeiro é visto como um líder agressivo e centralizador, enquanto o segundo tem um perfil mais descentralizador e voltado ao investimento em marketing.
De acordo com a publicação, as discordâncias aumentaram ao longo do último trimestre, com relatos de que os dois mal interagem e que a empresa tem problemas na integração das operações. Em comitês internos, divergências têm levado a renúncias e mudanças na governança corporativa.
Fontes do Pipeline indicam que Pedro Parente, presidente do conselho de administração, tem atuado como mediador entre os acionistas, mas sem avanços significativos até o momento. Enquanto isso, no curto prazo, a expectativa é de que cada um continue gerindo sua respectiva unidade de negócio de forma independente.
A fusão entre Arezzo&Co e Grupo Soma foi anunciada em fevereiro de 2023 e concluída em agosto do mesmo ano, quando a empresa passou a ser listada como Azzas 2154 na B3. Atualmente, a empresa tem um valor de mercado de R$ 4,96 bilhões, com ações cotadas a R$ 24, bem abaixo dos R$ 50 registrados em agosto passado.
Após a publicação da reportagem, as ações da Azzas na B3 ($B3SA3) operam em forte queda de 4,92%, por volta das 10h50.
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