O inevitável chegou. Em meio à crise da Americanas (AMER3), a companhia oficializou nesta quinta-feira (19) seu pedido de recuperação judicial junto à 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. A companhia informou que a recuperação visa manter a normalidade das operações, manutenção dos empregos, pagamento de impostos e a boa relação com seus fornecedores e credores e investidores de forma geral. A empresa confirma dívidas no montante de R$ 40 bilhões.
“Para tanto, o grupo de acionistas de referência da empresa informou ao Presidente do Conselho de Administração que pretende manter a liquidez da companhia em patamares que permitam o bom funcionamento da operação de todas as lojas, do seu canal digital, Americanas.com, da AME e suas coligadas”, informou a empresa em nota divulgada à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
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Em sua petição, os escritórios que representam a companhia, os escritórios Basílio Advogados e Salomão, Kaiuca, Abrahão, Raposo, Cotta, disseram que a empresa pode ser considerada uma das gigantes nos mercados brasileiro e mundial e que “precisa de apoio e da compreensão do Poder Judiciário e dos credores para superar essa crise”.
Crise da Americanas (AMER3): com a recuperação, o que vem a seguir?
Com o ajuizamento do pedido de recuperação judicial, na prática, ficam paralisadas as negociações entre as companhias e os credores, de acordo com o Broadcast. E os escritórios ainda alegam que alguns bancos teriam, menos de seis horas após a divulgação do fato relevante de 11 de janeiro, declarado vencimento antecipado da companhia. E dizem que não haveria embasamento legal.
Com relação aos pedidos de bancos como Bradesco (BBDC4) e Itaú-Unibanco (ITUB4), que pediram que a rede só sacasse recursos após autorização judicial, os escritórios dizem na petição que “esses fatos isoladamente já tornariam extremamente difícil a continuidade das operações do Grupo Americanas por 30 dias”.
Pedido cita desvalorização de 80% das ações
Em outro trecho do pedido, os escritórios que representam a Americanas (AMER3) argumentam que o rebaixamento de ratings tornou a situação ainda mais insustentável. Pois isto fez com que os bancos se negassem a adiantar recebíveis de cartão de crédito, considerada uma operação rotineira e historicamente feita pelo grupo para para capital de giro, o que acabou por drenar mais de R$ 3 bilhões do caixa da companhia.
Com isso, em menos de uma semana, as ações da Americanas sofreram um tombo de 80%, saindo de algo em torno de R$ 12 – registrado no dia 10 de janeiro – até chegar a cotação de R$ 1,86, atualmente.
“Por essas razões, o Grupo Americanas viu-se sem saída, precisando emendar, em 7 dias, a tutela cautelar, para que seja recebido este pedido de recuperação judicial”, argumenta a petição.
Suspensão de ações e execuções à vista
A petição requere ainda que sejam suspensas todas as ações e execuções existentes contra a rede varejista, bem como a exigibilidade dos créditos concursais; pede ainda o não andamento dos processos que visam o vencimento antecipado das dívidas; a suspensão de qualquer ordem de arresto, penhora, sequestro, busca e apreensão e constrição sobre os bens, oriundas de demandas judiciais ou extrajudiciais, o que deverá ser previamente submetido à 4ª Vara Empresarial.
Além disso, o pedido cita ainda a proibição de compensação de quaisquer valores, com a imediata restituição de todo e qualquer valor que os credores eventualmente tiverem compensado.
Cronologia da crise da Americanas (AMER3)
Entenda melhor a sequência de episódios que levaram a Americanas a chegar até o pedido de recuperação judicial:
- 11 de janeiro: após fim do pregão, companhia divulga fato relevante informando ter detectado inconsistências de R$ 20 bilhões e renúncia do então CEO, Sérgio Rial;
- 12 de janeiro: em um primeiro momento, credores concordaram em rolar dívida; em primeiro pregão após fato do dia 11, ação tem queda de 76%; e grupo de investidores estuda medida para proteger acionistas minoritários;
- 13 de janeiro: CVM abre processos para investigar inconsistências; auditoria da PwC é supostamente colocada sob dúvida; empresa reconhece dívida de R$ 40 bilhões e recuperação judicial começa a ser considerada; empresa entra com tutela de urgência para impedir vencimento antecipado de dívidas;
- 16 de janeiro: BTG vai à justiça para bloquear R$ 1,2 bi da Americanas (AMER3); João Duarte Guerra é nomeado novo CEO;
- 17 de janeiro: juros remuneratórios de debêntures não são pagos a investidores; empresa contrata CFO Camille Faria, especialista em atuar em recuperação judicial; empresa sofre rebaixamento de ratings;
- 18 de janeiro: CVM estuda punição individual a envolvidos;
- 19 de janeiro: Bradesco (BBDC4) e Itaú-Unibanco (ITUB4) pedem que companhia precise de autorização judicial para realizar saques; Americanas (AMER3) entra com pedido oficial de recuperação judicial reconhecendo dívidas de R$ 40 bilhões.
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