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Caso Americanas (AMER3): Rial revela situação de insolvência e dá detalhes sobre bastidores

Caso Americanas (AMER3): Rial revela situação de insolvência e dá detalhes sobre bastidores

O caso Americanas (AMER3) ganhou mais um capítulo nesta terça-feira (28) com a fala do ex-CEO Sérgio Rial, que prestou depoimento na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Rial, que trouxe a tona a inconsistência financeira de R$ 20 bilhões, divulgada no dia 11 de janeiro, fez revelações minuciosas dos bastidores da empresa e cita que a companhia – que acreditava ser saudável e inserida em um processo de transformação – estava, na verdade, à beira da insolvência financeira quando assumiu.

Em seu depoimento, Rial fez um relato detalhado sobre seu envolvimento na Americanas. Diz que no começo do ano passado recebeu um telefonema de um dos sócios de referência – sem citar o nome – convidando-o a participar de uma das empresas controladas pelo grupo 3G. Ainda não se sabia em qual empresa, mas depois ficou definido que seria na Americanas.

Posteriormente, ele foi anunciado como novo CEO da empresa, assumindo então em 1º de janeiro deste ano. A partir de setembro do ano passado, ao iniciar o processo para entender o funcionamento da rede, disse que passou a conhecer de perto a operação para entender o funcionamento, visitando um centro de distribuição da empresa em Seropédica (RJ) e algumas lojas físicas com o então presidente, Miguel Gutierrez.

Porém, com relação às finanças da companhia, diz que jamais teve acesso a qualquer informação considerada transparente desde que assinou para ser o novo CEO. Diz que entre setembro e o fim de dezembro participou de 21 reuniões onde tentava entender a complexidade do negócio da Americanas – entendido por ele como híbrido, pois reúne plataforma digital e lojas físicas, um modelo considerado único. E em nenhuma delas, o agora ex-CEO diz ter recebido qualquer informação clara sobre a situação financeira da companhia para que pudesse projetar um orçamento para 2023 e enfim dar início à sua gestão.

“O que claramente aconteceu é que o presidente anterior (Gutierrez) não fez sua sucessão. O primeiro ponto, é que ele não fez a sucessão com eu havia imaginado; o segundo ponto é a preocupação na dualidade de liderança, uma preocupação natural; e o terceiro ponto é a característica de uma pessoa, que foi CEO durante tanto tempo, em ser centralizador no sentido de que todas as informações eram muito bem controladas por ele”, revelou.

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Caso Americanas (AMER3): ex-CEO diz que até 26 de dezembro não havia ideia sobre dados de 2022

Rial disse ainda que já no fim de dezembro, dias antes de assumir o cargo, Gutierrez fez uma reunião com diretores, no dia 21 daquele mês, com diretores – mas sem o então sucessor. Uma semana depois, ocorreu uma nova reunião, onde nesta Rial foi chamado a participar.

Sérgio Rial, uma pessoa sem cabelos e de óculos, falando ao microfone sobre o Caso Americanas (AMER3)
Sérgio Rial fala a senadores, observado pelo atual CEO da Americanas, Leonardo Pereira. Agência Senado.

Nessa reunião , em 27 de dezembro, o ex-CEO informou que teria sido mais um encontro para apresentar o que seria o legado de Gutierrez ao longo de 20 anos à frente da empresa. “Foi uma reunião densa, com muitos slides. Foram apresentados a história e os desafios da Americanas para os próximos anos”, contou.

Mas um dos slides chamou a atenção de Rial: o surgimento de R$ 15,9 bilhões listado na apresentação do 3TRI22 e que não se sabia exatamente onde estava lançado no balanço. O que também chamou a atenção foi a operação de marketplace, que já respondia por 70% das vendas. E contou que até 26 de dezembro não tinha noção dos dados referentes ao ano de 2022, pois até então nada tinha sido repassado a ele de forma concreta, sugerindo que começavam a surgir sinais de que algo estava errado.

Diretores revelam a Rial o rombo

Após assumir, Rial contou que no dia 3 de janeiro foi procurado por um dos diretores que sinalizou a importância de entender a apresentação feita no dia 27 do mês anterior. “E no dia 4 de janeiro me foi revelado que aquilo que era dívida bancária não estava devidamente sinalizada na rubrica ‘bancos’ no balanço. A dívida que era de R$ 19 bilhões no 3TRI22, que vi na apresentação, e que depois se torna algo em torno de R$ 35 bilhões a R$ 36 bilhões, tendo um patrimônio líquido de R$ 16 bilhões. Passei a ter consciência absoluta de que a empresa tinha uma estrutura patrimonial de insolvência”, revelou.

Ao constatar essa situação, Rial informou que decidiu repassar logo o dado para o então novo diretor Financeiro, André Covre, que, segundo Rial, teria ficado “atônito”.

“Esse então passa a ser nosso trabalho de diligência: o de cumprir a lei e informar o mercado em termos patrimoniais”, comentou. E acrescentou que também havia a preocupação em não deixar a informação vazar e manter tudo sob sigilo até que o fato relevante fosse divulgado.

A partir daí, ele diz ter ficado sem qualquer acesso a informações em papel, ficando apenas o que era repassado a ele “a conta-gotas”, e “extraindo as informações” junto aos diretores. Contou ainda que foi até o sistema do Banco Central (BC) confirmar se realmente existia essa dívida com os bancos, o que fora confirmada por ele durante essa consulta ao BC.

E ainda não sabia o porque de os R$ 15,9 bilhões vistos originalmente na apresentação de 27 de dezembro não terem sido lançados de forma adequada às informações financeiras. “O que eu sabia era que a empresa tinha muito mais dívidas do que fora informado e o que eu não sabia era como conseguiram fazer isso e porque”, disse. “Se é dívida bancária, tem nome e sobrenome”, afirmou.

Daí, já no dia 11 de janeiro, Rial se reuniu com a diretoria, inclusive com a contabilidade da empresa – apresentada a ele naquele dia – e que essa dívida bancária precisava ser comunicada ao mercado e foi tomada a decisão de dimensionar o passivo em R$ 20 bilhões. Junto com a divulgação das inconsistências contábeis, foi anunciada ainda a renúncia dele e do então diretor Financeiro, André Covre, também recém-empossado na época.

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