A carta de Sérgio Rial, ex-CEO da Americanas (AMER3) traz um pouco dos bastidores de seus nove dias à frente da rede varejista. Entre outras coisas, ele projetava abraçar diversos desafios que entendia ser inerentes a uma empresa de varejo próxima de completar 100 anos de fundação – a Americanas foi fundada em 1929.
Em sua carta, ele definiu o propósito que aceitou ao participar como CEO da empresa: “agregar minha experiência profissional e reoxigenar o legado em prol do desenvolvimento da companhia”, disse ele em sua carta.
Traz ainda bastidores dos momentos que antecederam a divulgação do fato relevante do dia 11 de janeiro, que trouxe ao mundo das empresas a inconsistência de R$ 20 bilhões no balanço da companhia.
Segundo ele, como CEO, foi preciso entrar em contato com executivos de gestões anteriores e questionar, bem como entender as preocupações e novas perspectivas da empresa.
“Nessas conversas, informações e dúvidas foram compartilhadas e com o natural aprofundamento para entendê-las e dar-lhes direcionamentos conjuntamente com o novo CFO, Andre Covre, chegamos ao quadro do fato relevante com transparência e fidedignidade!”, disse ele em sua missiva, divulgada por meio de sua conta na rede social corporativa LinkedIn.
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Rial nega que tenha tido conhecimentos anteriores sobre esse suposto rombo e fala que “quaisquer especulações ou teorias distintas disso são leviandades”. Acrescenta ainda que jamais transigiria com a própria biografia, o que poderia manchar sua imagem.
Carta de Sérgio Rial correção de rota foi uma imposição
Ainda de acordo com o executivo, quando deparado com a inconsistência anunciada no dia 11, foi percebida a imposição de uma “correção de rota”. O que, de acordo com ele, partiu da transparência e do apoio incondicional do Conselho de Administração e dos acionistas de referência – representados pelo trio Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles.
“Aqui, minha segunda reflexão: ser líder não é ser corajoso, mas ser responsável e ético; não é ser herói ou heroína, mas ter a resiliência para defender a verdade e fazer o que é certo”, avaliou ele.
Sobre a saída do comando da companhia, poucos dias após assumir, ele entendeu que seria necessário, pois abriria espaço para uma reestruturação – que de fato está prestes a acontecer.
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“É preciso saber o momento de se posicionar dentro de um novo contexto que se apresenta. Foi o que fiz, sem me descomprometer em ajudar no que estivesse ao meu alcance. Essa é a minha terceira reflexão. Vou, portanto, neste momento, continuar a contribuir com minhas capacitações, experiência, seriedade e transparência”, ressaltou.
Confira a carta de Sérgio Rial na íntegra
“Tenho feito várias reflexões sobre a minha rápida passagem pela liderança das Americanas, algumas das quais compartilho com vocês.
A liderança das Americanas, projetava diversos desafios inerentes a uma empresa de varejo chegando aos seus 100 anos. Na pauta de objetivos estava um projeto de crescimento onde consumidor, tecnologia, marketing, entre outras competências se entrelaçavam. Foi esse o meu propósito, a minha motivação ao aceitar a posição que os acionistas me confiaram: agregar minha experiência profissional e reoxigenar o legado em prol do desenvolvimento da companhia.
Nesses breves nove dias como presidente, os desafios e os ensinamentos, contudo, foram outros, mas extremamente importantes.
Coube-me, como executivo-líder, primeiro entrevistar executivos remanescente, questionar e entender quaisquer preocupações e novas perspectivas. Nessas conversas, informações e dúvidas foram compartilhadas e com o natural aprofundamento para entendê-las e dar-lhes direcionamentos conjuntamente com o novo CFO, Andre Covre, chegamos ao quadro do fato relevante com transparência e fidedignidade! Quaisquer especulações ou teorias distintas disso são leviandades. Eu jamais transigiria com a minha biografia.
Portanto, com a conclusão do diagnóstico inicial, surgiu a necessidade premente de correção de rota. E essa correção partiu da transparência e do apoio incondicional que recebi do CA e dos acionistas de referência. Aqui, minha segunda reflexão: ser líder não é ser corajoso, mas ser responsável e ético; não é ser herói ou heroína, mas ter a resiliência para defender a verdade e fazer o que é certo.
Quanto à minha saída, ela decorre do entendimento da necessidade de abrir espaço para que a empresa pudesse se reestruturar de um ponto de partida totalmente distinto do que eu esperava encontrar. É preciso saber o momento de se posicionar dentro de um novo contexto que se apresenta. Foi o que fiz, sem me descomprometer em ajudar no que estivesse ao meu alcance. Essa é a minha terceira reflexão. Vou, portanto, neste momento, continuar a contribuir com minhas capacitações, experiência, seriedade e transparência, seguindo sempre as premissas que nortearam toda minha trajetória profissional e pessoal.
São lições profundas de governança, autenticidade e coerência que esses nove dias escreveram na minha história”.
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