O BTG Pactual (BPAC11) avaliou que o Brasil pode ser considerado um “vencedor relativo” após o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o novo pacote das tarifas de Trump sobre importações. Com isso, empresas dos setores de carnes, aves e grãos do Brasil podem ser beneficiados.
A medida, que impõe um aumento de base de 10% sobre todas as importações e tarifas de até 60% para países rotulados como “piores infratores”, exclui México e Canadá e introduz tratamento específico para automóveis, aço e energia.
Na avaliação do banco, a decisão de Trump representa uma ameaça significativa ao comércio global, especialmente para países como China, União Europeia e Japão, que sofreram altas expressivas nas tarifas — de até 54% no caso dos produtos chineses. O Brasil, por outro lado, enfrentará apenas o acréscimo da tarifa-base de 10%, o que coloca o país em posição competitiva no novo cenário.
Tarifas de Trump: oportunidades para o agronegócio brasileiro
A análise do BTG destaca impactos limitados nas exportações brasileiras de carne bovina para os EUA, que somaram 189 mil toneladas em 2024 (7% do total exportado). O motivo seria a forte escassez de gado nos EUA, no menor patamar em mais de 70 anos, o que manteria a necessidade de importação elevada — mesmo com tarifas de 26% já em vigor sobre a carne brasileira. Além disso, a expectativa é que a pequena cota de isenção tarifária permaneça inalterada.
“Adicionalmente, o Brasil pode se beneficiar da demanda de outros países, caso esses adotem medidas de retaliação. A oportunidade é particularmente relevante em mercados asiáticos como China, Japão e Vietnã — sendo os dois últimos mercados que o Brasil busca abrir para exportações de carne bovina ainda este ano. A Minerva (BEEF3) deve emergir como uma das principais beneficiárias nesse processo”, informou o BTG em seu relatório.
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No caso do etanol, embora a tarifa atual suba de 2% para 12%, o impacto para o Brasil tende a ser marginal. Atualmente, apenas 16% das exportações brasileiras de etanol têm os EUA como destino, bem abaixo dos mais de 60% registrados há cinco anos. Com a Coreia do Sul ganhando espaço como comprador relevante e a demanda americana atrelada a mandatos de mistura com gasolina, o BTG espera que o custo adicional seja repassado ao consumidor americano, sem grandes repercussões para o Brasil.
Demanda por grãos e aves brasileiras
Em relação aos grãos, o comércio direto entre Brasil e EUA é mínimo, mas o banco prevê que as novas tarifas podem prejudicar a competitividade das exportações agrícolas norte-americanas. Isso abriria espaço para os produtos brasileiros ganharem mercado, além de sustentar os preços internos, mesmo com eventuais quedas nas cotações internacionais, como já visto em episódios anteriores de guerra comercial.
Já para o setor de aves, o raciocínio é semelhante ao da carne bovina. Com tarifas superiores a 10% impostas a grandes mercados importadores como Japão, China, Filipinas e União Europeia, o Brasil pode se beneficiar caso esses países busquem novos fornecedores. O BTG aponta ainda que uma possível valorização do milho e da soja no mercado interno brasileiro poderia ser compensada por preços internacionais mais atrativos, favorecendo o setor exportador.
“Para as empresas do segmento avícola, há uma preocupação adicional com o possível aumento nos preços domésticos dos grãos no Brasil. No entanto, uma valorização interna pode apenas compensar a queda nos preços internacionais, resultando em um efeito líquido positivo para os exportadores brasileiros de aves”, diz outros trechos do relatório.
Para o BTG, embora o aumento tarifário promovido por Trump represente um novo estresse nas relações comerciais internacionais, o Brasil surge como um dos países menos afetados — e, em certos setores, até potencialmente favorecido. A combinação de tarifas menos agressivas, capacidade exportadora robusta e possível redirecionamento de demanda pode gerar ganhos indiretos importantes para o agronegócio nacional.
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