O banco BTG Pactual (BPAC11) vê com bons olhos o recente reajuste da Petrobras (PETR4) para a gasolina e para o gás liquefeito do petróleo (GLP), o chamado gás de cozinha. Em relatório o banco de investimentos vê alguns fatores favoráveis e mantém recomendação de compra, com preço-alvo e R$ 49.
A Petrobras anunciou na segunda-feira (8) um aumento no preço da gasolina de R$ 0,2/litro ( 7%) para R$ 3,01/litro para os distribuidores. De acordo com o relatório, com os preços do petróleo voltando a US$ 85-90 por barril (sendo um aumento de 11% no acumulado do ano) e o real se desvalorizando 13% desde o início do ano, a especulação sobre o momento dos ajustes de preços de combustível da Petrobras tem aumentado nos últimos dias.
Para o banco de investimentos, esse anúncio deve ser bem-vindo, pois reitera a mensagem da nova CEO, Magda Chambriard, de continuidade com a política de preços da administração anterior e mostra que a governança da Petrobras continua em vigor, provavelmente reduzindo as preocupações entre os investidores mais pessimistas.
Estratégia comercial da Petrobras (PETR4)
Neste relatório, o BTG aproveita a decisão da Petrobras de aumentar os preços da gasolina para aprofundarmos a discussão sobre a estratégia comercial da companhia, considerando sua abordagem de precificação acima do custo de oportunidade e o custo alternativo do cliente para justificar por que esse anúncio foi feito ontem.
Faz pouco mais de um ano que a Petrobras atualizou sua estratégia comercial. Resumindo, a companhia substituiu a busca do preço de paridade de importação (IPP) por uma faixa de preço que varie entre seu custo de oportunidade, que pode ser visto como um indicador do preço de paridade de exportação (EPP), e o custo alternativo do cliente (IPP em termos práticos).

“Reconhecemos que há certa discrição em relação ao momento, mas como acreditamos que a empresa precisa permanecer dentro da faixa por um período de 12 meses, acreditamos que isso ajudará a prever possíveis momentos de estresse”, avaliou o BTG.
“Pode-se argumentar que essa é uma simplificação, pois não considera os diferentes custos de frete, as tarifas de manuseio, o tamanho da carga, a utilização da refinaria etc., que variam substancialmente entre a Petrobras e os players privados. Mas consideramos essa como a análise mais pragmática, tendo em vista a presença continental da Petrobras no Brasil”, completa trecho do relatório.
A nova estratégia comercial da Petrobras permitiu que a empresa reduzisse a volatilidade dos preços e recuperasse alguma participação de mercado, mas também foi corretamente questionada por muitos por não maximizar os retornos de refino, já que apenas seguir o IPP acabaria fazendo isso.
Concordamos que a busca por uma faixa de preço limita o potencial de valorização gerado pelos preços mais altos do petróleo e por um real mais fraco, mas é importante observar que essa análise ignora o fato de que a Petrobras ainda é uma empresa muito forte no setor de petróleo”, diz o BTG.
Cenário macroeconômico positivo
Com mais de 80% do EBITDA da empresa proveniente do negócio de upstream, o banco de investimentos acredita que o cenário macroeconômico atual deve ser visto como positivo para a companhia, apesar do ruído político em torno dos preços dos combustíveis.
Desde que o novo governo foi eleito, as preocupações do mercado com a possibilidade de a estratégia comercial da Petrobras retornar à praticada entre 2012 e 2014 aumentaram substancialmente.
Durante esse período, a alavancagem líquida da Petrobras cresceu para mais de 5x dívida líquida/EBITDA, em grande parte devido às perdas não apenas com a precificação da produção de combustíveis da Petrobras, mas também com as importações, uma vez que os preços estabelecidos pela empresa inviabilizaram as importações de players privados.
O Brasil tem um déficit líquido de diesel e gasolina (a demanda é maior do que a produção), portanto, a falta de um preço que incentive os players privados a importar acabará levando a prejuízos no downstream da Petrobras. Segundo o relatório, uma maneira de ver que a situação atual é diferente daquele período é estender o cálculo da faixa de preço para o passado, revelando que a Petrobras praticou preços abaixo do PPE por muitos anos consecutivos. Além disso, a Petrobras foi responsável por mais de 90% das importações de combustível, em comparação com menos de 30% em 2023.
“Esperando que os fundamentos prevaleçam; a Petrobras continua sendo nossa Top Pick no setor. Há quase um ano, elevamos nossa recomendação da Petrobras para compra. Naquela ocasião, argumentamos que, apesar dos volumosos pagamentos de dividendos, isso era mais um resultado do que uma premissa para nossa visão positiva sobre a Petrobras. A verdadeira justificativa foi nossa confiança nos estatutos da empresa e na lei das estatais”, reforça o banco de investimentos.
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