A Azul (AZUL4) registrou prejuízo líquido de R$ 644,2 milhões no terceiro trimestre de 2025 (3TRI25), revertendo o lucro de R$ 389,7 milhões observado no mesmo trimestre de 2024.
Mesmo com a piora na última linha, o trimestre marcou novos recordes operacionais: a receita líquida avançou 11,8%, para R$ 5,7 bilhões, e o EBITDA atingiu R$ 2,0 bilhões, crescimento de 20,2% na comparação anual — o maior da história da companhia. O resultado foi impactado principalmente pelas despesas financeiras, que saltaram mais de 150% no período.
Balanço do 3TRI25 da Azul: receita, EBITDA e desempenho operacional
A receita total da Azul alcançou R$ 5,7 bilhões, impulsionada por demanda ainda aquecida e forte performance das unidades de negócios. O RASK subiu 4,4%, mesmo com aumento de 7,1% na capacidade medida em ASK, refletindo maior eficiência e melhora no mix de operação.
O EBITDA histórico de R$ 1,99 bilhão, com margem de 34,6%, decorre da combinação de maior produtividade, ocupação recorde de 84,6% e expansão das rotas internacionais, que cresceram 30,5% em capacidade.
As unidades de negócios também ganharam relevância: juntas, representaram 25,3% do RASK e 29,7% do EBITDA no trimestre.
Custos, despesas e impacto financeiro
Os custos operacionais totalizaram R$ 4,47 bilhões, avanço de 8,9% ante o 3TRI24. O CASK aumentou 1,6%, para 34,85 centavos, pressionado por inflação, maior número de processos judiciais e crescimento das operações internacionais, parcialmente compensados pela queda de 13,2% no preço do combustível e valorização do real.
A piora do resultado líquido veio quase integralmente do salto das despesas financeiras, que atingiram R$ 2,83 bilhões, influenciadas por juros de empréstimos, arrendamentos e custos relacionados ao processo de reorganização. Por outro lado, variações cambiais líquidas geraram ganho de R$ 918,7 milhões.
Leia também:
- Carteira Quant Experience: AZUL4 e PETR4 lideram semana
- BTG mantém recomendação neutra para Azul após balanço do 4TRI24
- ‘Fundamentalmente nada mudou’, afirma Felipe Paletta
- Azul reduz prejuízo em 29% no 2TRI25 com alta de receita
- Carteira Quant Experience: Azul, Petrobras e Gerdau entram nas recomendações da semana
Liquidez, dívida e andamento do Chapter 11
A liquidez imediata ficou em R$ 3,4 bilhões, alta de 38% frente ao ano anterior, reforçada pelo acesso a US$ 1,1 bilhão do financiamento DIP. A companhia encerrou setembro com R$ 1,6 bilhão em recebíveis de cartão de crédito, que podem ser antecipados a baixo custo.
A dívida bruta encerrou o trimestre em R$ 37,3 bilhões, influenciada pelo próprio financiamento DIP, enquanto a alavancagem (dívida líquida/EBITDA UDM) ficou em 5,1x. Segundo a companhia, a conversão das notas 1L e 2L na saída do processo deve reduzir esse indicador para cerca de 2,5x.
O plano de reorganização avançou de forma relevante: o Tribunal aprovou a declaração de divulgação e o início da votação pelos credores, além do Backstop Commitment Agreement e aportes já acertados com United Airlines e American Airlines, somando US$ 200 milhões.
“Entregamos um trimestre robusto, com receita recorde e EBITDA histórico, reforçando nossa posição como uma das companhias aéreas mais lucrativas do mundo”, disse John Rodgerson, CEO da Azul, destacando o avanço do plano de reestruturação e o aumento da produtividade.






