A crise da Ambipar (AMBP3) continua. A empresa informou o cancelamento da Assembleia Geral Extraordinária (AGE), marcada para esta sexta-feira (10) e ainda a 7ª emissão de debêntures.
A empresa havia anunciado a aprovação de sua 7ª emissão de debêntures simples, no valor total de até R$ 3 bilhões, em 22 de setembro.
Os recursos captados com a 7ª emissão de debêntures seriam destinados principalmente ao pagamento do resgate antecipado da totalidade das debêntures da 3ª emissão da ESG (EESG13) e da 6ª emissão da própria Ambipar (AMBP16), ambas também de natureza quirografária e com garantia fidejussória. O pagamento incluiria o valor nominal dos títulos acrescido do prêmio de resgate, conforme previsto nas respectivas escrituras de emissão.
Crise da Ambipar: recursos da emissão iriam para resgate antecipado de outras debêntures
Além do resgate antecipado das debêntures existentes, a Ambipar pretendia utilizar parte dos recursos para fortalecer e simplificar sua estrutura de capital, como parte de sua estratégia de reorganização financeira e otimização do perfil de endividamento.
Sobre a AGE, com o cancelamento, ficam sem efeito o edital de convocação publicado no jornal carioca O Dia e nas plataformas da CVM, da B3 ($B3SA3) e da própria Ambipar, bem como a proposta da administração, o manual para participação de acionistas e o boletim de voto à distância.
Os desafios financeiros da Ambipar se agravaram nos últimos meses. Em setembro, os títulos de dívida em dólar da empresa registraram forte queda, em meio a preocupações relacionadas a investigações de conformidade, rebaixamentos de rating, questionamentos de governança e a saída de executivos.
E na quarta-feira (8), foi divulgado que a empresa estaria preparando um pedido de recuperação judicial que deve ser apresentado à Justiça do Rio de Janeiro na próxima semana, segundo informações da Bloomberg. Pessoas próximas ao assunto afirmaram que a companhia trabalha com consultores para estruturar o processo, embora o cronograma ainda possa sofrer alterações.
Procurada, a Ambipar, com sede em São Paulo, preferiu não se manifestar. No fim de setembro, a empresa já havia obtido uma medida de proteção temporária contra credores, alegando risco de colapso financeiro. A decisão judicial suspendeu cobranças por 30 dias, podendo ser prorrogada por igual período, enquanto a companhia busca alternativas para reorganizar sua dívida.
De acordo com o analista Felipe Paletta, da EQI Research, a forte desvalorização das ações, observada desde a semana passada, está diretamente ligada à perda de confiança do mercado após movimentos recentes envolvendo a companhia.
Segundo Paletta, um dos principais gatilhos foi a chamada de garantia feita pelo Deutsche Bank, em um acordo que teria sido firmado entre o diretor financeiro da Ambipar e o banco de investimentos. Esse episódio, afirma o analista, comprometeu a disponibilidade de caixa da empresa e inviabilizou a capacidade de pagamento de dívidas de curto prazo, em contraste com os números oficiais apresentados em balanços anteriores, que indicavam posição de caixa mais robusta.