A negociação pela compra da Braskem (BRKM5) continua, mas agora somente com a Adnoc, empresa de petróleo dos Emirados Árabes. A companhia seguiria negociando a aquisição da brasileira sem a Apollo, sua antiga parceira nesse projeto.
Segundo informações do Valor Econômico, a ideia é que a Adnoc compre a participação pertencente à Novonor, ex-Odebrecht, que poderia permanecer com uma fatia menor na empresa. Além disso, seria formada uma joint-venture com a Petrobras (PETR3; PETR4) – cada uma tendo 50% de participação na Braskem.
Atualmente, as conversas têm sido mantidas entre a União, que é a acionista majoritária da Petrobras, e o governo dos Emirados Árabes. A publicação diz ainda que a proposta dos árabes seria de preferência do governo, embora acionistas da Novonor prefiram oferta anterior da Unipar (UNIP6), que previa um pagamento de aproximadamente R$ 47 por ação e ainda a permanência da ex-Odebrecht na composição acionária da petroquímica.
Petrobras (PETR3; PETR4) confirma due diligence
Ontem (18), a Petrobras (PETR3; PETR4) havia divulgado um comunicado no qual informava que mantém o interesse de exercer o direito de tag along ou direito de preferência, na hipótese de venda das ações detidas pela Novonor, conforme regras previstas no Acordo de Acionistas assinado entre as duas companhias.
Porém, a empresa destacou que ainda não existe qualquer decisão da Diretoria Executiva ou do Conselho de Administração em relação ao tema. “A Petrobras reforça que decisões sobre investimentos e desinvestimentos são pautadas em análises criteriosas e estudos técnicos, em observância às práticas de governança e aos procedimentos internos aplicáveis”, informou a petroleira.

Mas a novela da venda da Braskem vem de longe. Em junho, a petroleira brasileira havia confirmado reunião com executivos do fundo Apollo, que ainda estava nas negociações, e da Adnoc. A participação da petroleira está no momento em processo de análise no âmbito da elaboração do seu Plano Estratégico 2024-2028.
Quem é a Adnoc?
Diante desse cenário, a Adnoc está perto de ser a nova empresa a entrar no mercado nacional de produção de resinas plásticas e outros materiais petroquímicos e ser a mais nova sócia da petroleira brasileira. Mas afinal, quem é esse player que vem dos Emirados Árabes? O contexto atual da petroleira do emirado ajuda a entender o interesse na Braskem.
Trata-se da Abu Dhabi National Oil Company, ou em português, Empresa Nacional de Petróleo de Abu Dhabi e foi fundada em 1971 e é uma empresa estatal. Atualmente, a companhia tem buscado diversificar seus negócios e investindo em projetos de energia limpa, ao mesmo tempo em que tenta manter sua posição no mercado internacional de petróleo.

A companhia está concentrada em energia renovável, hidrogênio limpo e captura e armazenamento de carbono (CCS), bem como na expansão internacional em gás natural – considerado o combustível de transição energética – e venda externa de gás natural liquefeito (GNL), além de produtos químicos.
Com isso, a empresa busca ampliar as parcerias internacionais internacionais e ampliar sua participação no exterior, com buscar a capturar oportunidades de fornecer energias de baixa intensidade de carbono e impulsionar o desenvolvimento e a produção de novas fontes.
Recentemente, a Adnoc e a National Central Cooling Company PJSC (Tabreed), anunciaram um projeto de aproveitamento da energia geotérmica na região do Golfo Pérsico. O projeto visa descarbonizar o arrefecimento dos edifícios na cidade de Masdar, na região de Abu Dhabi, e ampliar o mix energético do país e apoiar a Estratégia Energética Nacional 2050, que busca aumentar a capacidade de energia renovável dos Emirados Árabes para 14 gigawatts (GW), em capacidade instalada até 2030.
A sede social da companhia fica em Abu Dhabi, um importante centro comercial do emirado, e tem como fundador, o xeque Zayed bin Sultan al Nahyan, que ao longo de três décadas comandou o governo central dos Emirados Árabes e ajudou a organizar o país, uma conjunção de vários estados – ou emirados. Antes dele, o pai foi governante do país.
Os Emirados Árabes
E quem é esse país por trás da Adnoc? Os Emirados Árabes Unidos são uma confederação árabe formada por sete estados, tendo por principal ente Abu Dhabi, e cada um formado por monarquias independentes entre si, mas que se uniram em torno de uma carta magna. Essas monarquias são os principados ou emirados, quando se trata do contexto árabe.

Até 1971, eram dependentes do Reino Unido, quando finalmente se declararam independentes do governo britânico, sendo uma das últimas colônias remanescentes do finado Império Britânico. Atualmente, é uma monarquia absolutista, cujo líder é o presidente Maomé bin Zayed Al Nahyan, conhecido pelas iniciais MBZ.
O país, com um Produto Interno Bruto (PIB) nominal de US$ 416,4 bilhões é tem um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,911 – que é considerado muito elevado pelos padrões internacionais. A moeda local é o dirham (AED) e uma população pouco superior a 9 milhões de habitantes.
Além de Abu Dhabi, os Emirados Arabes têm se destacado pelo turismo, com o rápido desenvolvimento da cidade de Dubai, sendo que a primeira é sede da Adnoc.