As ações da Taurus (TASA4) registram queda superior a 5% nesta segunda-feira (28), após a empresa considerar levar sua produção para os Estados Unidos, como consequência do anúncio de uma tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.
A sobretaxa, decretada pelo presidente norte-americano Donald Trump, atinge diretamente a indústria nacional de armas e munições, setor no qual a $TASA4 é a principal exportadora e pode ser a mais impactada.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), cerca de 61,3% das exportações brasileiras de armas e munições em 2024 tiveram como destino os Estados Unidos — o que representou quase R$ 3 bilhões em vendas. A dependência do mercado americano torna o segmento extremamente vulnerável à nova política comercial adotada pela Casa Branca.

Presidente da Taurus (TASA4) vê risco para 15 mil empregos
Em entrevista ao g1, o presidente-executivo da Taurus, Salesio Nuhs, afirmou que a empresa cogita desativar suas instalações no Brasil caso a tarifa seja realmente aplicada. A intenção é transferir integralmente a produção para os Estados Unidos, onde a companhia já possui estrutura fabril. Segundo ele, apenas no Rio Grande do Sul cerca de 15 mil empregos diretos e indiretos estão em risco, um cenário que alarma sindicatos e autoridades locais.
A sobretaxa de 50% anunciada por Trump integra uma série de medidas de proteção à indústria norte-americana, em resposta a pressões políticas internas. Além do setor bélico, a tarifa atinge uma extensa gama de produtos brasileiros, elevando os custos de comercialização e comprometendo a competitividade internacional das empresas do país.
O setor de armas, em especial, passa por um momento de incerteza, com empresas já considerando alternativas para reduzir prejuízos — como reestruturações logísticas, demissões em massa ou busca por novos mercados.
Efeito cascata
Durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o setor de armas e munições no Brasil foi fortemente incentivado, com facilitação regulatória e estímulo às exportações. Agora, com a guinada protecionista do governo americano, esse cenário se reverte, colocando em xeque os avanços conquistados no período.
A Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições (ANIAM) alerta para um possível efeito cascata sobre toda a cadeia produtiva, atingindo desde fornecedores de matéria-prima até prestadores de serviços e pequenas indústrias. Há ainda o temor de queda na arrecadação de impostos em municípios que dependem economicamente do segmento bélico.
O impacto imediato nos mercados financeiros reflete a apreensão dos investidores com o futuro da Taurus e do setor como um todo. A manutenção da tarifa por parte dos Estados Unidos pode desencadear uma crise sem precedentes na indústria nacional de defesa.