As ações da incorporadora chinesa Evergrande chegou a cair cerca de 87% na retomada da negociação de seus papéis na bolsa de valores de Hong Kong, nesta segunda-feira (28), após a suspensão das negociações em 18 de março do ano passado. Com isso, a empresa perde aproximadamente US$ 2,4 bilhões em valor de mercado.
As ações caíram para 22 centavos de dólares de Hong Kong nesta segunda-feira, em comparação com seu último fechamento de 1,65 dólares de Hong Kong por ação em 18 de março de 2022. Além disso, a empresa também registrou prejuízo de 39,25 bilhões de yuans (aproximadamente US$ 5,38 bilhões) nos seis meses primeiros meses do ano, com passivos totais de 2,39 trilhões de yuans.
No mesmo período do ano passado, a incorporadora chinesa havia registrado prejuízo de 86,17 bilhões de yuans – o que dá aproximadamente R$ 1,7 trilhão em dívidas. Porém, como conseguiu reduzir as perdas, entrou com pedido para que suas ações voltassem a ser negociadas nesta segunda-feira.

Evergrande: crise e proteção contra falência
Há cerca de dez dias, a companhia havia protocolado pedido de proteção dos ativos no âmbito do Capítulo 15 do código de falência dos EUA na Justiça de Nova York nesta data. Trata-se de recurso que fornece mecanismo para casos de insolvência.
Levantamento da Bloomberg mostra que o dispositivo protege os ativos da empresa nos EUA, enquanto os acordos de reestruturação de dívidas são elaborados em outro lugar. Também traz que os acordos internacionais de reestruturação de dívidas às vezes exigem a entrada com o Capítulo 15 durante a finalização de uma transação.
Os problemas com a Evergrande começaram em 2021, quando passou por uma série crise de liquidez, que levou a temores de que tal crise pudesse se alastrar pelo mercado chinês naquele ano. Com a quase falência do então gigante imobiliário chinês, as ações tiveram suas negociações suspensas em março do ano passado.
O que é a Evergrande?
A Evergrande é listada na bolsa de valores de Hong Kong e tem sede na cidade de Shenzhen.
Os números da empresa são sempre grandes: emprega 200 mil pessoas, ajuda a sustentar indiretamente 3,8 milhões de empregos por ano e era considerada uma das maiores incorporadoras em receitas do mundo.
A companhia antes era conhecida como Grupo Hengda e foi fundada em 1996 pelo bilionário chinês Xu Jiayin, também conhecido como Hui Ka Yan em cantonês – ele já foi o homem mais rico da China.
Com primeira oferta pública em 2009, a empresa cresceu vertiginosamente nos últimos anos. Com o crescimento, a companhia começou a ampliar seu ramo de atuação. Comprou, por exemplo, o time de futebol Guangzou FC, que depois foi rebaixado por conta de um escândalo de combinação de resultados.
Outras investigadas da Evergrande incluem carros elétricos, parque temático, seguros, saúde, alimentos e mercado financeiro.
Mas o core businesse da empresa é mercado imobiliário – especialmente propriedade residenciais. A companhia se orgulha de ter mais de “1.300 projetos em mais de 280 cidades chinesas”.
Os negócios da empresa prosperaram até 2018. A companhia chegou a ser a maior incorporadora global em valor de mercado. Em 2021, a lista Fortune Global 500 coloca a Evergrande como o 122º conglomerado do mundo em termos de receita.
A crise da Evergrande
Mas no fim de 2020 o governo chinês decidiu promover um aperto monetário e regulatório no setor para fazer frente à especulação imobiliária em meio à crise da Covid-19.
Com a determinação governamental de que casas são feitas para morar e não para especular, a atitude mexeu diretamente com os negócios da Evergrande. Assim, a empresa viu um desaceleramento de seu crescimento.
As dívidas da Evergrande também aumentaram à medida que a companhia fazia empréstimos para financiar suas várias atividades e projetos e assim entrou na crise de liquidez que abalou a companhia.