O corte de 25% nas alíquotas do IPI pode representar um sopro de esperança para o mercado automotivo.
O anúncio, que aconteceu no dia 26 de fevereiro garante uma redução no valor do veículo novos e seminovos. Desta forma, é esperada uma maior fluidez no mercado.
Em um novo cenário, montadoras e concessionários buscam os cálculos para saber qual será o impacto no preço final dos seus produtos.
O percentual de 18,5% nas alíquotas representa uma base de redução para o imposto.
Por exemplo: o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que era de 7% para um automóvel de 1.000 cilindradas movido a etanol ou gasolina passa a ser tributado em 5,7%.
De acordo com o Decreto 10.979, o corte das alíquotas representa a redução de 25% em produtos industrializados, porém no caso dos automóveis, a taxa é de 18,5% devido ao cálculo do tributo.
Vale destacar que a indústria de transformação no Brasil conta com altos custos e carga tributária elevada, e este novo contexto pode representar um sistema mais simples e com valores mais justos.
IPI: impacto no mercado
O momento é positivo para o consumidor, porém os empresários calculam o impacto da medida no comércio.
Há expectativa de queda no valor de diversos itens, já que o desconto abrange a todos os produtos industrializados.
Em post nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro citou geladeiras, fogões, máquinas de lavar e destacou, com maior ênfase, os automóveis.
Cigarros e derivados do tabaco estão isentos do corte e as bebidas alcoólicas quase foram excluídas, devido aos males causados à saúde.
Apesar dos entraves, estes itens conseguiram a redução da alíquota como benefício.
Além do corte no preço de produtos, o IPI visa reduzir a inflação, já que a indústria brasileira sofre há décadas com altas taxas de juros, desvalorização da moeda e com encargos trabalhistas excessivos.
Possíveis entraves na compra de veículos
Os maiores obstáculos para o mercado automotivo são os impostos.
Por exemplo, o Brasil conta com a maior carga fiscal sobre veículos do mundo, e dentro deste paradigma, um automóvel representa percentuais de IPI, PIS/Cofins, Imposto Sobre Circulação do Mercadorias e Serviços (ICMS) – que é um imposto estadual e por último Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), que é dividido entre Estado e município.
Na prática, a redução do imposto sobre produtos industrializados é de 18,5% para automóveis, ao contrário dos 25% estabelecidos para outros itens.
Em resumo: há tendência de desconto, mas os ganhos para o consumidor serão pequenos. Por exemplo: um carro com motorização 1.0 com IPI de 7%, passa a ter um imposto de 5,7% após ao decreto, e neste caso, o veículo que valia R$ 100 mil passa a custar R$ 99 mil com a redução de R$ 1 mil no valor.
A iniciativa não apresenta grandes novidades e tem como objetivo flexibilizar o fluxo de vendas no setor que está estagnado desde o início da pandemia do coronavírus.
Existia a previsão de crescimento de 10% no primeiro bimestre deste ano, porém o segmento automotivo registrou retratação de 26,5% na divisão de veículos novos.
Em relação aos seminovos, os números ainda são piores: 30% devido à supervalorização na tabela Fipe.
Previsões
A alta inflação, a desvalorização do Real e a falta de matéria-prima foram fatores responsáveis pela supervalorização no mercado automotivo.
A redução do IPI pode ser uma discreta alternativa para o mercado de veículos novos, que conta com altos impostos. O consumidor que comprar um carro de R$ 170 mil pagará R$ 34 mil de impostos, e com o novo decreto, o custo será de R$ 31,3 mil.
Em relação aos usados, haverá uma desvalorização maior no veículo, que já conta com a desvalorização de 4% no mercado, o que irá simbolizar um prejuízo entre 4% e 6%.
Preço previsto
Qual seria o preço previsto para os carros mais vendidos no Brasil? Os cálculos que foram fornecidos pela Bright e publicados no site da UOL apontam um novo cenário para os automóveis de entrada, que foram emplacados até janeiro:
- Fiat Strada: R$ 94.074 — R$ 92.352
- Hyundai HB20: R$ 74.590 —- R$ 73.687
- Chevrolet Onix: R$ 74.620 —- R$ 73.717
- Jeep Renegade: R$ 128.115 —- R$ 125.770
- Jeep Compass: R$ 164.280 —- R$ 161.273
- Hyundai Creta: R$ 121.690 —- R$ 120.415
- VW T-Cross: R$ 108.890 —– R$ 107.572
- VW Gol: R$ 69.790 —– R$ 68.945
- Chevrolet Onix Plus: R$ 84.430 —– R$ 83.408
- Fiat Toro: R$ 137.990 —– R$ 135.464
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