De acordo com o colunista da Money Times, João Marcos Braga da Cunha, há um nível seguro de investimentos em criptoativos com a criação de um portfólio bem estruturado. Ainda que o mercado de criptomoedas apresente as suas oscilações características, é possível se aproveitar dos retornos potencialmente altos dele sem ter o ônus de estar exposto a um risco desnecessário.
Em primeiro lugar, os criptoativos, geralmente, são pouco correlacionados aos demais ativos dos mercados. Logo, pode-se investir nessa classe até uma determinada proporção de uma carteira sem aumentar sua volatilidade total, por conta do chamado efeito diversificação.
Deste modo, a provocação que fica em mente é a seguinte: qual é a medida de segurança necessária para investir em criptomoedas em nível minimamente seguro?
Segundo Braga da Cunha, para responder essa provocação é necessário explicar de modo empírico.
Ao simular diversas carteiras de investimentos compostas por diferentes proporções de benchmarks das principais classes de ativos locais que são: a renda fixa (CDI e IMA-B), multimercados (IHFA) e renda variável (Ibovespa). Tendo como base o Hashdex Digital Assets Index (HDAI), publicado pela Nasdaq, como um índice representativo do mercado de criptoativos (convertido em Reais), podemos determinar diretamente o máximo percentual em cripto que não aumenta a volatilidade total de cada carteira simulada, assumindo que os outros benchmarks serão diluídos de forma a manter proporções originais entre eles. O gráfico abaixo mostra os resultados obtidos:
Cada ponto é determinado pela combinação dos quatro benchmarks locais. No eixo horizontal, temos a volatilidade anualizada dos retornos das carteiras nos últimos três anos. Enquanto que na vertical, há a parcela de HDAI que manteria o inalterado nível de volatilidade nesse período. Podemos perceber que existe uma relação positiva entre a volatilidade do portfólio e tolerância a criptoativos.
Com a análise da função, é possível observar uma relação parabólica bem definida. Com este cenário, surge mais uma provocação: há uma regra simples em associar, de forma aproximada, a volatilidade da carteira e o nível seguro de criptomoedas? Conforme Braga da Cunha, sim, pois o percentual é dado pelo quadrado da volatilidade dividido por 40.
Se uma carteira, por exemplo, ter uma volatilidade de 10%, ela consegue suportar até 2,5% de critptomoedas. A linha contínua no gráfico é a “regra de bolso” que garante uma maior segurança em investir nas criptomoedas. Além disso, é importante notar que a grande maioria dos pontos está a cima da linha, o que indica que a tolerância observada nos últimos três anos teria sido ainda maior na prática.
A “regra de bolso” pode ser derivada algebricamente com base em três premissas:
- os retornos da carteira são pouco correlacionados aos do índice de cripto,
- a volatilidade dos retornos do índice é de 90% ao ano,
- a volatilidade dos retornos da carteira é substancialmente menor que a do índice.
Quanto mais próximos de satisfazer essas premissas, mais apurada será a aproximação dada pela regra. Isso independe de quais ativos e classes de compõem a carteira ou da moeda na qual ela cotada.