A Moody’s, agência de classificação de risco, admitiu nesta segunda-feira que o rating do Brasil pode mudar – para pior – na próxima avaliação.
De acordo com nota distribuída às agências de notícias, a possibilidade de uma recessão ainda mais profunda atingir o País em breve coloca em risco a perspectiva “estável” da última avaliação.
“A dinâmica de crescimento do Brasil está sujeita a riscos negativos”, comentou Samar Maziad, analista principal da Moody’s para os ratings soberanos do Brasil, à Reuters.
“Se a deterioração fiscal se tornar permanente, esse seria o gatilho crítico para repensar as perspectivas”, completou o especialista.
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Riscos políticos
A Moody’s manteve o rating do Brasil em “Ba2” em sua última análise, distribuída aos clientes na sexta-feira, apostando em três pilares para a recuperação: uma retomada da austeridade fiscal em breve; taxas de juros em recordes de baixa ajudando no pagamento do serviço da dívida; baixa dívida externa e fortes reservas internacionais.
Agora, com a crescente tensão política envolvendo principalmente o presidente Jair Bolsonaro, o foco pode mudar e, a classificação de risco do Brasil, também.
“Estamos cientes dos riscos existentes; uma contração econômica mais profunda, dinâmica política e uma possível deterioração permanente no desempenho fiscal”, comentou Maziad.
PIB
A última avaliação da Moody’s apontou que a economia do Brasil deve sofrer uma retração aproximada de 5,2% em 2020.
Essa previsão marcaria a maior retração anual desde que os registros começaram, em 1900.
De acordo com a Reuters, autoridades do Ministério da Economia insistem que as despesas de combate à crise serão limitadas apenas a este ano.
Segundo a pasta, o governo retomará seu esforço para recuperar as finanças públicas no mesmo nível no próximo ano.
Essas medidas emergenciais terão um impacto estimado de R$ 349,4 bilhões no saldo primário do governo central deste ano.
Em relação ao déficit primário do setor público consolidado, o rombo poderá chegar a R$ 700 bilhões.
Esse número representaria, mais ou menos, 9% do Produto Interno Bruto.