Um novo aumento da taxa Selic foi confirmado nesta terça-feira (16) pelo mercado e, como aguardado, foi de 1 ponto porcentual. Com isso, a Selic subiu de 10,75% para 11,75%. Dessa forma, haverá um novo reajuste nos rendimentos de todo o mercado de renda fixa. Saiba aqui como investir com Selic a 11,75%.
Para entender melhor o novo cenário que se apresenta, este artigo busca projetar o cenário para aplicações específicas de nosso mercado.
Siga no texto e saiba tudo a respeito. Confira!
Nona subida da Selic
Com o arrefecimento no preço das commodities, as apostas para a reunião do Copom se concentraram em uma alta de 1 ponto porcentual – de 10,75% para 11,75% -, como confirmado.
No entanto, até então, parte do mercado acreditava que o comitê poderia ser mais agressivo para conter a inflação causada pelo impacto da guerra na Ucrânia nas commodities.
As estimativas para a Selic final em 2022, porém, já subiram bastante. Foram de 12,25% para 12,75% pelo Focus. E de 12,25% para 13,25% para o BTG Pactual (BPAC11). O banco de investimentos vê mais três aumentos de 0,5 p.p. para a Selic nas reuniões de maio, junho e agosto.
Projeções IPCA e Selic pelo BTG

Reprodução/BTG
Como investir com Selic a 11,75% ao ano?
Com projeção da Selic ultrapassando os 13% e permanecendo alta ainda por um bom tempo, a renda fixa ganha mais destaque.
A lógica é simples: se é possível ter retornos próximos a 1% ao mês sem correr grandes riscos, porque então devo arriscar investindo na renda variável?
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Como ficam poupança e demais títulos de renda fixa?
Veja a seguir três considerações que servirão como parâmetros para qualquer aplicação no mercado de renda fixa de agora em diante, com Selic a 11,75%. Confira.
Poupança
A pobre coitada da poupança é quem menos se beneficia de qualquer elevação da taxa Selic para valores acima de 8,5% ao ano. A razão disso é a regra que foi implantada no ano de 2012.
Por meio da nova lei (conhecida como Nova Poupança), sempre que a taxa Selic for igual ou menor que 8,5% ao ano, a poupança renderá 70% da Selic somada à TR, a taxa referencial.
Já quando a Selic estiver acima de 8,5% ao ano, a poupança terá um rendimento fixo de 0,50% ao mês.
O curioso disso tudo é que esse valor é exatamente 70% de 8,5% ao ano quando convertemos para o rendimento mensal.
Isso quer dizer que o brasileiro pode ganhar menos que 0,50% ao mês via poupança quando a Selic render menos, mas não pode ganhar mais quando a Selic render mais.
É uma limitação no mínimo estranha essa que foi imposta em 2012. E nenhum brasileiro deveria manter investimentos nessa aplicação com a Selic em alta, pois significa literalmente perder dinheiro ao aplicar na poupança.
Sendo assim, mesmo com uma nova alta da Selic, a pobre poupança continua rendendo 0,50% ao mês, ou 6,17% ao ano aproximadamente.
Com a inflação na casa dos 10% ao ano, a rentabilidade real seria negativa em 4% ao ano, mais ou menos. Ou seja, perda de dinheiro!
Isso quer dizer que R$ 10.000,00 aplicados na poupança com a Selic acima de 8,5% ao ano sempre renderão R$ 10.617,00 ao final de um ano.
Descontada a inflação, o retorno real seria de R$ 9.617,00 (menos dinheiro do que o que foi investido), ainda que a poupança tenha isenção de pagamento de imposto de renda sobre os ganhos.
Imagine se tivesse que pagar o imposto…
100% do CDI pagando IR
Já com um investimento que pague 100% do CDI as coisas melhoram. Ainda que o rendimento real também fique abaixo da inflação, essa análise deve servir de base para a busca por aplicações mais rentáveis.
Isso quer dizer que o cálculo apresentado aqui pode (e deve) ser “rebatido” para investimentos que apresentem rentabilidade de 110%, 120% ou mesmo de 150% do CDI. Basta formatar as contas.
Portanto, R$ 10.000,00 investidos em uma aplicação que rende 100% do CDI e paga IR precisa ser calculada primeiramente em relação ao seu rendimento.
No prazo de um ano, com a Selic a 11,75%, o retorno seria de aproximadamente R$ 11.750,00.
Já se o investimento for mantido por 2 anos, o retorno total deverá ser de R$ 12.350,00.
O interessante nesse caso é a incidência do imposto de renda. Isso porque a tabela é regressiva, ou seja, quanto mais tempo o dinheiro passa aplicado, menor será a alíquota incidente.
Para aplicações até 6 meses, o percentual é de 22,5%; entre 6 e 12 meses, 20%; entre 12 e 24 meses, 17,5%; acima de 24 meses, 15%.
Portanto, para um ano de aplicação no exemplo acima, o valor líquido seria de R$ 11.443,75.
Já para o prazo de dois anos, o rendimento líquido seria de R$ 11.997,50.
100% do CDI isento de IR
Por fim, existem as aplicações que são isentas do pagamento de imposto de renda sobre o rendimento auferido.
O mais comum é encontrar esses investimentos com um percentual de rentabilidade abaixo de 100% do CDI, já que eles não são tributados.
No entanto, explicaremos um exemplo considerando 100% do CDI de rendimento para facilitar as contas. Você também deve aplicar a mesma sistemática de cálculo em qualquer papel desse tipo.
Sendo assim, o tempo de aplicação nunca será relevante, pois a tabela regressiva do IR não se aplica a esse caso.
Se R$ 10.000,00 forem investidos em um título dessa modalidade renderia R$ 11.750,00 após um ano, sem qualquer desconto de imposto.
Para os casos reais de rentabilidade abaixo de 100% do CDI, como 95% do CDI, basta aplicar o percentual correspondente e o valor será prontamente encontrado.
Como investir com Selic a 11,75%: quais são as aplicações disponíveis em renda fixa?
Para saber qual seria o maior rendimento líquido, sempre é preciso fazer as contas. Veja abaixo as alternativas disponíveis isentas de IR e aquelas tributadas em IR.
Isentas de IR
Existem diversas aplicações financeiras isentas de IR. O objetivo principal do governo, ao deixar de arrecadar essa quantia, é estimular o investimento nesses papéis, pois de alguma forma beneficiam a sociedade.
Um desses exemplos são os certificados de recebíveis. Eles existem em duas modalidades principais, os CRIs e CRAs.
Os primeiros são referentes ao setor imobiliário, enquanto os segundos são do agronegócio. A isenção de IR serve, portanto, para estimular esses dois setores econômicos importantes em nosso país.
Há também as letras de crédito (LCIs e LCAs), que são emitidas por bancos. Sua isenção estimula o mercado de crédito nacional.
Por fim, as debêntures incentivadas emitidas por empresas também não pagam IR. A justificativa é sua finalidade de captar recursos para a expansão da infraestrutura do país, como portos, aeroportos e redes elétricas.
Tributadas com IR
Os investimentos em renda fixa que pagam imposto de renda são os títulos públicos federais, os fundos de investimentos em renda fixa e os certificados de depósito bancários, os famosos CDBs.
Todos esses papéis seguem a tabela regressiva de pagamento de IR apresentada anteriormente.
Até onde vai a subida de juros?
De fato, não é possível saber com exatidão até onde a taxa Selic deve subir, e isso ocorre por dois motivos básicos nesse momento.
O primeiro deles é que isso diz respeito à política econômica do país. Assim, essa taxa é definida pelo Banco Central e somente seus membros podem conhecer as intenções, ainda que o mercado a estime.
O segundo ponto que contribui para essa incerteza é o recente conflito entre Rússia e Ucrânia. Provavelmente a inflação aumentará por conta do preço das commodities e isso ensejará uma reação de nosso BC.
No entanto, muitas casas de análise apostam que haverá mais uma alta pelo menos, fixando os juros próximo de 12% ao ano nesse momento.
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