O diretor de política monetária do Banco Central, Bruno Serra Fernandes, acredita que o cenário de combate à inflação no Brasil deve ficar mais positivo nos próximos meses, mas que ainda é cedo para reverter o atual ciclo contracionista de alta da Selic, a taxa básica de juros.
A Selic foi elevada para 12,75% ao ano no começo de maio e deve subir mais meio ponto, para 13,25%, na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), na segunda quinzena de junho.
Durante evento na Câmara Espanhola de Comércio, Serra disse que a distensão do aperto monetário “vai acontecer em algum momento, é natural que aconteça”, e que espera que este momento esteja perto do fim, mas que “os dados se impõem”, ou seja, que uma decisão definitiva vai depender do cenário inflacionário até a data da próxima reunião.
Ciclo de alta da Selic já foi ajustado
O aperto monetário já está durando mais do que o previsto. Na reunião de março, em que a Selic foi determinada em 11,75% ao ano, a previsão era de que a alta de maio seria a última. Mas a pressão da inflação seguiu alta durante os meses de março e abril, e o Copom não teve alternativa a não ser informar, em sua ata, que os juros seguem em viés de alta.
Analistas do mercado financeiro têm discutido por quanto tempo o BC manterá a estratégia de manter a Selic em alta. O próprio Bruno Serra admitiu, durante sua fala, que o processo de ajuste foi feito de forma intensa, mas que os efeitos ainda não foram totalmente perceptíveis, até por causa do cenário global de pressão inflacionária.
Nesta terça-feira, o presidente do Fed, Jerome Powell, admitiu que os juros nos Estados Unidos também seguirão em alta até que a inflação seja controlada. Serra citou esse processo e disse que os bancos centrais mundo afora estão “engajados” à tarefa de controlar a inflação.
Enfatizou, porém, que o cenário de indefinição a respeito da guerra entre Rússia e Ucrânia contribui para pressionar os preços internacionais e as cadeias logísticas, desafiando o processo de estabilização da economia mundial.
Inflação em cenário otimista no começo de maio
As taxas prévias de maio têm permitido imaginar um cenário um pouco mais otimista no controle da inflação. O IPC-S calculado pela Fundação Getúlio Vargas na segunda quadrissemana do mês foi de 0,41%, com a quarta queda consecutiva.
O IPC-Fipe, que mede os preços apenas na cidade de São Paulo, foi maior, de 1,04%, mas também com registro de queda pela terceira quadrissemana consecutiva.
O IPCA de abril, calculado pelo IBGE e considerado o índice “oficial” de inflação do país, foi de 1,04%, depois de atingir 1,62% em março. O acumulado do ano já é de 4,29%, acima da meta de inflação do BC, de 3,5%, que o próprio banco já admite não conseguir alcançar. Nos últimos 12 meses, o IPCA acumulado é de 12,13%.
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