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Spread de crédito: entenda o que é!

Spread de crédito: entenda o que é!

Já ouviu falar de spread? É comum o investidor se deparar com termos em inglês no noticiário e não entender bem ao certo o que significam. No caso de spread, ele é usado em dois casos: spread bancário e spread de crédito. Vamos tratar das definições e diferenças entre os dois neste artigo. Acompanhe!

O que é spread?

O spread é um conceito financeiro que representa a diferença entre o preço de compra e o preço de venda de um produto, serviço ou transação financeira. Ele desempenha um papel essencial na definição do lucro bruto e é aplicado em diversos setores, como vendas, empréstimos e negociações.

Spread é uma palavra de origem inglesa que pode ser compreendida como “aumentar a distância”. Portanto, o termo se refere à diferença entre o preço de compra e venda.

Para ilustrar esse conceito, podemos pensar em um pequeno empresário do varejo. 

Para obter lucro em seu negócio, ele precisa vender as mercadorias por um preço mais alto do que pagou aos fornecedores. Além disso, o valor das mercadorias vendidas deve ser suficiente para cobrir todas as despesas fixas e variáveis, como aluguel, contas básicas, salários dos funcionários e manutenção, além de gerar o lucro esperado.

Essa diferença entre o custo de compra (demanda) e o preço de venda (oferta) é um tipo de spread que interessa aos varejistas, pois representa o potencial lucro da operação.

Spread de crédito: o que é?

O spread de crédito se refere à diferença entre as taxas de juros de dois tipos de investimentos: os investimentos considerados livres de risco, como os títulos do Governo, como o Tesouro Direto, e os investimentos em ativos de crédito, como títulos corporativos, debêntures ou empréstimos bancários.

Essa diferença de taxa reflete o prêmio que os investidores exigem para assumir o risco de investir em ativos de crédito, que apresentam um maior grau de incerteza em relação ao pagamento de juros e à devolução do capital investido.

Em outras palavras, o spread de crédito é a compensação adicional que os investidores recebem por investirem em ativos com maior risco de crédito e não nos títulos do Governo, que seriam mais seguros. Afinal, se vai assumir um risco a mais, o investidor precisa ver vantagem nisso. E é exatamente essa vantagem que é o spread de crédito.

Geralmente, quanto maior o risco de crédito associado a um determinado emissor ou ativo, maior será o spread de crédito exigido pelos investidores. Isso ocorre porque eles buscam ser compensados pelo risco adicional que estão assumindo. O spread de crédito pode variar ao longo do tempo, refletindo as condições econômicas, as perspectivas do emissor e as avaliações de risco do mercado financeiro.

Exemplo de Spread de Crédito

Para entender melhor o conceito de spread de crédito, suponha que o Governo emita um título de Renda Fixa com taxa de juros de 5% ao ano. Esse título é considerado livre de risco, pois o governo é visto como um emissor confiável e há baixa probabilidade de não pagamento dos juros e do principal.

Agora, imagine que a Empresa ABC emita uma debênture com uma taxa de juros de 8% ao ano. Essa debênture é um investimento de maior risco, pois há uma chance ligeiramente maior de a empresa não honrar seus compromissos financeiros em comparação com o governo.

Nesse caso, o spread de crédito seria a diferença entre a taxa de juros da debênture (8%) e a taxa de juros do título do governo (5%). Portanto, o spread de crédito seria igual a 3%.

Isso significa que os investidores que compram a debênture da Empresa ABC estão exigindo um prêmio de risco de 3% acima do investimento livre de risco do governo. Essa diferença de 3% representa a compensação adicional que eles esperam receber por assumir o risco de investir em um ativo de crédito mais arriscado.

Vale ressaltar que os spreads de crédito podem variar amplamente dependendo do emissor, das condições econômicas e do cenário de mercado.

Como a Selic influencia o spread de crédito?

Mulher fazendo anotações e segurando um cartão

Na análise da composição do spread bancário, é essencial considerar a relação direta entre o spread e a taxa Selic. A Selic é a taxa básica de juros da economia e serve como referência para as demais taxas incidentes nas operações financeiras.

Por exemplo, devido ao seu impacto na economia, a Selic é utilizada como referência para investimentos em renda fixa. Títulos prefixados, pós-fixados e híbridos são impactados pelo comportamento da taxa Selic. Um aumento na curva de juros tende a elevar o rendimento desses investimentos, enquanto uma queda na Selic costuma reduzir o retorno obtido.

A relação entre a Selic e o spread pode variar dependendo do cenário econômico. 

Em determinadas situações, um aumento na taxa Selic pode ser acompanhado por um aumento no spread bancário. Isso indica que o custo do crédito foi repassado ao mercado. Por outro lado, pode ocorrer uma redução na Selic sem uma redução equivalente no spread. Nesse caso, indica-se que o barateamento do crédito não chegou aos clientes das instituições financeiras.

Em contrapartida, quando a taxa Selic é elevada e o spread bancário é reduzido, significa que o encarecimento do crédito não atingiu o mercado. Por fim, é possível que a Selic diminua e o spread acompanhe essa redução, refletindo um repasse equivalente para quem adquire as linhas de crédito.

Entenda de uma vez o que é spread bancário

foto de mulher que segura um celular e um cartão

Já no contexto bancário, o spread se refere à diferença entre as taxas cobradas pelos bancos e as taxas que eles pagam para captar recursos. 

Os bancos emitem títulos de renda fixa, como Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e do Agronegócio (LCAs), para captar recursos e financiar suas operações. Os investidores compram esses títulos, emprestando dinheiro ao banco e recebendo os valores com correção ao final do prazo estabelecido.

Ao mesmo tempo, os bancos oferecem linhas de crédito, como empréstimos e financiamentos, utilizando os recursos obtidos por meio dos títulos de renda fixa para conceder crédito aos clientes. 

Nesse contexto, o spread é a diferença entre as taxas de juros que os bancos pagam aos investidores nos títulos de renda fixa e as taxas de juros que cobram dos clientes nas linhas de crédito.

Essa diferença entre as taxas de captação e as taxas de empréstimo afeta diretamente o lucro das instituições financeiras.

Quanto maior for o spread, maior será o lucro gerado nas operações e maior será a disponibilidade de recursos para a manutenção das atividades bancárias.

Em suma, spread bancário representa a discrepância entre os juros pagos pelo banco a um investidor para obter recursos e os juros cobrados nos empréstimos concedidos.

Para compreender melhor esse conceito, imagine-se como um investidor que optou por depositar seu dinheiro na poupança, com uma taxa de 3% ao ano. Nesse caso, o banco utiliza o valor depositado para financiar atividades econômicas e empresta esse montante a terceiros ou empresas a uma taxa de juros mais alta, por exemplo, 23% ao ano.

Dessa forma, o spread bancário é calculado pela diferença entre a taxa de empréstimo (23%) e a taxa de captação (3%), resultando em um spread de 20%. Isso significa que o banco obteve um spread de 20% apenas nessa simples operação, considerando o empréstimo concedido e o retorno de 3% que você, como investidor, recebeu.

É importante ressaltar que a determinação do spread bancário leva em consideração diversos fatores, incluindo os riscos associados à operação, como taxas de inadimplência, tributação e outros custos relacionados, além da expectativa de lucro.

O spread bancário desempenha um papel crucial no setor financeiro, uma vez que é por meio dessa diferença que as instituições bancárias garantem seu lucro e asseguram a continuidade de suas atividades. Portanto, compreender o spread bancário é essencial para compreender o funcionamento dos bancos e a definição das taxas de juros em empréstimos e investimentos.

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Por que o spread bancário é tão alto no Brasil?

O spread bancário no Brasil é um dos mais altos do mundo. Esse indicador elevado se deve a problemas estruturais e macroeconômicos do país, bem como aos riscos envolvidos nas operações.

Como mencionado anteriormente, a alta taxa de inadimplência contribui para o alto spread bancário. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a taxa de endividamento no Brasil atingiu 78,3% da passagem de março para abril. 

Além disso, o estudo indica que 2023 pode encerrar o ano com o maior número de endividados da história da pesquisa. 

Diante dessa incerteza, os bancos precisam compensar seus riscos por meio dos juros cobrados, a fim de obter lucratividade. Aumentar o spread é uma forma de neutralizar essa insegurança, pois taxas mais altas ajudam a diminuir os potenciais prejuízos.

Outro fator que contribui para o alto spread é a falta de concorrência bancária no Brasil, de acordo com uma estimativa do Banco Central (BC). A concentração das operações em um número limitado de instituições afeta as taxas.

Essa é uma premissa fundamental do mercado: quanto maior a concorrência, melhores são as condições para os consumidores. Isso ocorre porque os bancos precisam competir entre si pelas operações de crédito, o que os leva a oferecer opções mais vantajosas para se destacarem e atrair clientes.

Em um ambiente de mercado mais competitivo, os consumidores têm maior probabilidade de encontrar bancos com spreads mais baixos. Por outro lado, em um cenário de concorrência reduzida, não há um incentivo significativo para que as instituições diminuam seus spreads.

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