O índice de preços (PCE) para o consumidor estadunidense teve alta de 0,2% em abril, dentro da expectativa do mercado. Sobre o indicador acumulado nos últimos 12 meses, ele foi de 6,3%, um pouco acima da projeção, que era de 6,2%.
Os dados foram divulgados, nesta sexta-feira (27), pelo Departamento do Comércio dos Estados Unidos.
Já núcleo do PCE, que exclui os setores de alimentos e energia pois são considerados mais voláteis, teve alta de 0,3% em abril, dentro do que o mercado esperava. Sobre o indicador acumulado nos últimos 12 meses, ele foi de 4,9%, também em linha do esperado.
A renda pessoal dos americanos subiu 0,4% em abril. Em nota, o Departamento de Comércio explica que o resultado foi influenciado pelo aumento nas receitas de remuneração sobre ativos que foram parcialmente compensados por uma redução na renda dos proprietários
Em outras palavras, houve um aumento nos salários dos trabalhadores tanto do setor privado quanto no público.
Os gastos pessoais aumentaram US$ 155,3 bilhões em abril. A poupança pessoal foi de US$ 815,3 bilhões em abril e a taxa de poupança pessoal – poupança pessoal como porcentagem da renda pessoal disponível – foi de 4,4%.
PCE dos EUA: Confira a análise do BTG Pactual
A equipe de Research do BTG Pactual (BPAC11) relata que os resultados do PCE dos EUA foram em linha com o esperado pelo consenso do mercado, assim como aconteceu com o CPI. Os analistas destacam que a inflação americana desacelerou em abril (0,2%) ante o mês de março, que teve uma taxa de 0,9%.
“A descompressão no índice é explicada pela deflação nos preços de Energia (-2,8%), vindo de duas altas expressivas consecutivas em fevereiro e março, 3,7% e 11,7% respectivamente (efeito Rússia x Ucrânia). Por sua vez, destaque para mais uma alta de 0,5% em Serviços (4,6% YoY) e a deflação de Bens (-0,2% MoM e +9,5% YoY)”, informa o relatório do banco.
Em relação aos dados reais, o BTG observa que houve uma aceleração no consumo de Bens, com destaque para os duráveis. Este movimento segue a mesma direção dos dados no setor de varejo.
Haja vista que o índice de gastos pessoais cresceu 0,9%, com revisão altista para 1,4% nos mês anterior. Isso representa um bimestre mais forte. Logo, a economia norte-americana sinaliza a manutenção do consumo em um patamar elevado.
O resultado é suportado pela alta de 0,4% na renda das famílias, explicado pela alta de 0,6% nos salários.
Tá, mas e daí para o investidor?
De acordo com o BTG Pactual, os resultados do PCE dos EUA de hoje indicam um crescimento guiado pelo consumo e já apresenta uma base para acelerar o PIB no trimestre.
- “Com o dado de hoje, o carrego nominal para o consumo americano fica em 1,9% para o trimestre, enquanto o real ficou em 1,0%. Já no dado trimestral anualizado, o crescimento real do consumo para o 2T22, com tudo constante, pode atingir 4,0%, ante 3,1% no 1T22”, diz o relatório.
Com o aumento no consumo, a pressão inflacionária segue com riscos altistas no curto prazo, embora tenha uma aparente acomodação nos preços das commodities.
“Pelo lado da oferta, a dificuldade da retomada célere das cadeias produtivas deve seguir impactando os Bens Industriais. No lado da demanda, o mercado de trabalho com quase 2 vagas para cada desempregado tem provocado pressões relevantes sobre os salários e, consequentemente, os preços de serviços”, finaliza o relatório do BTG Pactual.