José Luciano Duarte Penido, conselheiro independente da Vale (VALE3), renunciou ao seu cargo na mineradora e fez várias críticas ao processo de sucessão para a presidência da empresa em sua carta de renúncia. O conteúdo da carta foi divulgado pelo jornal Valor Econômico na última segunda-feira (11).
Penido diz que respeita a decisão do colegiado, mas critica a maneira como o processo vem sendo conduzido. Ele alega que há manipulação por parte do conselho e que o processo não atende aos interesses da Vale. Segundo Penido, o conselho “sofre evidente e nefasta influência política”.
O ex-conselheiro lamenta a crise sucessória da Vale, marcada por tentativas de intervenção do Governo Federal, como a pressão para indicar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, e por movimentos empresariais nos bastidores.
“No conselho se formou uma maioria cimentada por interesses específicos de alguns acionistas lá representados, por alguns com agendas bastante pessoais e por outros com evidentes conflitos de interesse. O processo tem sido operado por frequentes, detalhados e tendenciosos vazamentos à imprensa, em claro descompromisso com a confidencialidade”, cita outro trecho da carta divulgada pelo Valor.
Penido desabafa ao dizer que não acredita na honestidade dos propósitos de acionistas relevantes da empresa em elevar a governança corporativa da Vale a um padrão internacional de uma Corporation.
Com este ambiente, ele considera sua atuação como conselheiro independente “totalmente ineficaz, desagradável e frustrante”.
Penido foi eleito conselheiro independente da Vale em uma assembleia geral de acionistas, com mandato de maio de 2023 até abril de 2025. Ele era um dos oito conselheiros independentes da Vale em um colegiado de 13 membros.
O ex-conselheiro fez parte do colegiado da Vale desde 2019, chegou a presidir o conselho de administração da empresa e tem uma longa experiência em mineração e siderurgia.
Um substituto deve ser nomeado para cumprir o restante do mandato até abril de 2025.
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Vale responde a Penido: “atuação está rigorosamente em conformidade com as regras vigentes”
Ontem (12), a Vale emitiu uma nota em resposta às acusações de Penido. Assinada por Gustavo Duarte Pimenta, Vice-Presidente Executivo de Finanças e Relações com Investidores, a empresa enfatiza que “sua atuação está rigorosamente em conformidade com o Estatuto Social da Vale, o Regimento Interno do órgão e políticas corporativas”.
A nota também informa que o conselho continuará a desempenhar as ações previstas nos processos de governança da Vale e a cumprir sua missão de forma diligente.
Leia a resposta da Vale na íntegra, clique aqui.
Como foi a votação para a prorrogação do mandato do atual CEO
Penido foi um dos dois conselheiros independentes que votaram contra o processo sucessório, conforme aprovado na sexta-feira (8), que prorrogou o mandato do atual CEO, Eduardo Bartolomeo, até dezembro.
O contrato de Bartolomeo, que terminaria em 26 de maio, foi estendido até 31 de dezembro, quando se espera que um novo presidente seja eleito.
O outro conselheiro independente que votou contra o processo sucessório foi Paulo Hartung, que está na Vale desde 2023. Todos os outros 11 membros do colegiado, incluindo representantes da Previ – fundo de pensão do Banco do Brasil (BBAS3) -, da Bradespar (BRAP4) – empresa de participações do Bradesco (BBDC4) -, da japonesa Mitsui e da Cosan (CSAN3), votaram a favor do processo.
Os demais conselheiros independentes, com exceção de Penido e Hartung, e o representante dos empregados também votaram favoravelmente.
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