A escassez de azeite elevou os preços do produto a níveis recordes, colocando a indústria em um momento de crise. O aumento nos preços do azeite nos últimos meses surpreendeu tanto os consumidores quanto os veteranos da indústria, levando alguns a se referirem a ele como “ouro líquido“.
Kyle Holland, analista do grupo de pesquisa de mercado Mintec, disse em entrevista à CNBC que condições climáticas extremas “impactaram significativamente” a produção de azeite no sul da Europa nos últimos anos, especialmente em países mediterrâneos como Espanha, Itália e Grécia.
Ouro líquido: produção na Espanha
A Espanha, que fornece mais de 40% da produção mundial, de acordo com o Centro para a Promoção de Importações, normalmente espera produzir algo entre 1,3 milhão e 1,5 milhão de toneladas métricas de azeite a cada colheita, afirmou Holland.
No entanto, os dados oficiais indicam que a Espanha cultivou apenas cerca de 666 mil toneladas métricas para a safra 2022/2023. Os participantes do mercado consultados pela Mintec estão prevendo uma produção de 830 mil a 850 mil toneladas métricas para a temporada 2023/2024, representando um aumento de cerca de 40 mil toneladas métricas em relação às estimativas anteriores.
Os preços do azeite virgem extra na região da Andaluzia, na Espanha, estavam em 7,8 euros (US$ 8,4) por quilo em 19 de abril, de acordo com o índice de referência da Mintec, abaixo dos pouco mais de 8 euros no final de março. Essa queda prolonga uma tendência descendente, após os preços do azeite atingirem um pico sem precedentes de 9,2 euros em janeiro.
A rápida recuperação dos preços do azeite diminuiu nas últimas semanas, em parte devido às chuvas favoráveis em março e abril, e ao aumento das estimativas de produção para a colheita de azeitonas na Espanha. No entanto, os analistas observaram que a redução das reservas de azeite manterá os mercados cautelosos em relação a possíveis aumentos súbitos de preços nos meses seguintes.
“Acho que a maior preocupação é, na verdade, o fornecimento em geral. As pessoas estão bastante pessimistas no mercado neste momento, mas à medida que a temporada avança e nos afastamos cada vez mais da colheita que acabamos de ter, a maioria dos participantes do mercado parece acreditar que a colheita vai acabar“, disse Holland à CNBC.
“A questão que está na boca das pessoas é que, sim, os preços parecem estar caindo neste momento, mas eventualmente as pessoas vão começar a comprar. E quando todos comprarem e a oferta for reduzida, então os preços terão que subir”, concluiu.
Roubos de azeite
O aumento dos preços do azeite coincidiu com uma onda de roubos. De acordo com o Financial Times, supermercados na Espanha afirmaram no início de março que o azeite se tornou o item mais roubado em várias regiões do país. As principais responsáveis seriam gangues criminosas que visavam esse alimento essencial para revendê-lo no mercado negro.
Em agosto do ano passado, cerca de 50 mil litros de azeite virgem extra foram roubados de um dos lagares espanhóis na região de Córdoba, conforme relatado pela mídia local. O valor do azeite roubado foi estimado em mais de 420 mil euros na época.
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