A Gafisa (GFSA3) informou nesta terça-feira (6) que recebeu um ofício da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) solicitando sua manifestação sobre um pedido de interrupção da assembleia geral extraordinária (AGE) marcada para amanhã (7), às 17h. O pedido foi feito pela Esh Theta Master Fundo de Investimento Multimercado, acionista da companhia.
Segundo a nota da Gafisa, a Esh Theta alega irregularidade em um dos itens da pauta da AGE, que prevê a apuração e a avaliação de prejuízos causados à companhia por condutas imputadas aos acionistas Esh Theta Fundo de Investimento Multimercado, Esh Theta Master Fundo de Investimento Multimercado e à gestora Esh Capital Investimentos Ltda. O item também propõe a propositura de ação de responsabilidade contra esses acionistas, com pedido de bloqueio das ações que eles detêm.
A Esh Theta argumenta que o pedido de inclusão desse item na pauta da AGE foi baseado em “hipóteses e especulações” insuficientes para justificar a propositura de ação de responsabilidade. Além disso, a Esh Theta afirma que a Gafisa teria ultrapassado o limite do capital autorizado estabelecido em seu estatuto social ao homologar um aumento de capital em 17 de janeiro.
A Gafisa, por sua vez, esclarece que a homologação do aumento de capital se referiu à conversão de bônus de subscrição decorrentes de um aumento de capital ocorrido em 10 de março de 2023, dentro do limite do capital autorizado. A companhia diz que o capital autorizado é de até 600 milhões de ações ordinárias, conforme divulgado em seu formulário de referência.
Entenda a disputa na Gafisa
A AGE de acionistas da Gafisa marcada para 7 de fevereiro, a pedido da Esh Capital, que quer tirar os direitos de Nelson Tanure na empresa. Mas a gestora pode enfrentar resistência de outros fundos, que querem que a Gafisa investigue e cobre os danos causados pela Esh.
A Esh diz que Tanure usa o Estocolmo Fundo de Investimento Multimercado para ter participação na Gafisa. Tanure é o maior acionista individual da construtora e atua por meio de corretoras. Ele é famoso por investir e comandar grandes reestruturações de empresas, como a Light (LIGT3), que está em recuperação judicial e mudou sua direção.
Tanure entrou no conselho da Gafisa em abril de 2019, quando a empresa passava por uma crise de vendas e dívidas.
Recentemente, a Justiça de São Paulo penhorou as marcas da construtora para garantir o pagamento de uma dívida de R$ 1,4 milhão, com um condomínio de luxo no Itaim Bibi, em São Paulo.
A Gafisa disse em nota que vai analisar o pedido dos fundos para a sua AGE.
Ações da Gafisa sobem e caem com a briga
As ações da Gafisa têm muita oscilação por causa da briga entre a Esh Capital e Nelson Tanure. No começo do ano, as ações chegaram a valer R$ 15,60, um aumento de 62,5% em duas semanas. Mas agora elas estão valendo menos do que no início do ano, cotadas a R$ 9,18%.