O empresário Eike Batista, conhecido no início da década passada como o homem mais rico do Brasil, está preparando o terreno para um retorno ao mundo dos negócios e tentar uma grande virada na carreira, após os escândalos financeiros que o levaram à prisão. E a saída dele pode estar na chamada “supercana”.
E ao que tudo indica, a primeira parceria pode estar a caminho. Recentemente, quem embarcou no projeto de Eike, é Mário Garnero, fundador do grupo Brasilinvest. Os dois empresários assinaram um memorando para negócios não só em agronegócio, como também em logística e infraestrutura.
Dessa vez, o empresário tem 18 meses para transformar sua nova aposta — uma variedade geneticamente modificada de cana-de-açúcar — em um sucesso que possa impactar o bilionário setor sucroenergético do país. A meta de Eike é encontrar investidores até 2025 para dar vida ao projeto, que promete dobrar ou até triplicar a produção de etanol no Brasil, segundo o empresário afirmou em entrevsita à InvestNews.
Eike Batista quer transformar nova tecnologia em marco da transição energética
Caso consiga angariar os investimentos necessários, Eike ficará com a maior parte da nova empresa de biotecnologia dedicada à produção da cana. A ideia é ambiciosa: ele aposta que o projeto será um marco na transição energética global, com o Brasil no centro dessa revolução.
Em entrevista à CNN Brasil, Eike Batista detalhou seu otimismo com a nova variedade de cana-de-açúcar. Ele afirmou que a biotecnologia desenvolvida tem o potencial de multiplicar a produção de etanol e biomassa no país de maneira significativa.
“A biotecnologia vai ajudar o Brasil a produzir duas a três vezes mais etanol e de sete a doze vezes mais biomassa”, afirmou o empresário. Segundo ele, o projeto se encaixa na necessidade crescente por fontes de energia renováveis e coloca o Brasil como protagonista na transição energética.
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Para o ex-bilionários, o país tem uma vantagem estratégica que poucos podem igualar. Diz que o Brasil é um país muito competitivo em termos de área agricultável e energia verde. A aposta de longo prazo, segundo ele, é que nos próximos 5, 10 ou 15 anos, a supercana fará uma “revolução extraordinária” na produção de etanol, consolidando o país como líder mundial nesse setor.
Ascensão e queda de Eike Batista
A trajetória de Eike Batista é marcada por altos e baixos. Nascido em Governador Valadares, mas radicado no Rio de Janeiro, o empresário construiu o chamado “império X”, que o levou ao topo da lista de bilionários do Brasil, com um patrimônio de US$ 34,5 bilhões em 2012. Sua principal aposta na época era a exploração de petróleo pela OGX, braço de petróleo do grupo EBX.
No entanto, em 2013, o império começou a ruir. Agências de classificação de risco começaram a apontar incongruências entre as promessas das empresas de Eike e a realidade das prospecções de petróleo. O golpe final veio com o anúncio da OGX de que não pagaria US$ 45 milhões em juros de bônus emitidos no exterior. O colapso da empresa levou o grupo EBX à derrocada e Eike a perder praticamente todo o seu patrimônio.
O empresário deixou o controle de suas empresas e muitas delas ainda operam, embora com outros nomes. Entre elas, a Dommo (ex-OGX); Prumo Logística (dona do superporto do Açu, no Norte Fluminense, cujo projeto inicial é do empresário);
Posteriormente, o empresário enfrentou problemas com a justiça. Em 2017 e 2019, Eike foi preso duas vezes em decorrência de desdobramentos da Operação Lava Jato. Ele foi acusado de pagar US$ 16,5 milhões em propina ao então governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, por meio de contratos fraudulentos. Eike nega as acusações.
Agora, com a supercana, Eike Batista busca recuperar seu protagonismo no cenário empresarial brasileiro. Ele admite que os tempos de bilionário ficaram para trás, mas afirma que sua “riqueza” está em sua capacidade de recomeçar.
Vida do empresário virou filme
Há cerca de dois anos, a vida do empresário virou tema de filme. O longa “Eike – Tudo ou Nada” é baseado no livro homônimo da jornalista Malu Gaspar, e foi dirigido e roteirizado por Andradina Azevedo e Dida Andrade.
Com sua história baseada em prestígio social e muito marketing, Eike é um personagem relevante do mundo dos negócios brasileiro. Continue a leitura e saiba mais sobre ele.
Quem é Eike Batista?
Eike Fuhrken Batista nasceu em 3 de novembro de 1956, em Governador Valadares, no estado de Minas Gerais, mas cresceu no Rio de Janeiro, onde ainda vive.
Aos 12 anos, foi viver com a família em Frankfurt, Alemanha, terra natal de sua mãe. Seu pai, Eliezer Batista, que já foi presidente da então Companhia Vale do Rio Doce, hoje Vale ($VALE3), recebeu a missão de desenvolver uma divisão da empresa na Europa. Eliezer também chegou a ocupar o posto de ministro de Minas e Energia, durante os governos militares.
Eike é formado em engenharia metalúrgica pela Universidade de Aachen. E na época da faculdade, trabalhava como corretor de seguros, vendendo apólices de porta em porta.
Em 1980, ele retorna ao Brasil e, com 23 anos de idade, decide atuar no comércio de ouro, atuando como intermediário entre garimpeiros e comerciantes. Aos 24 anos, compra sua primeira mina. Um ano depois, já tinha um patrimônio de US$ 6 milhões.
Sua estratégia, a partir daí, era achar bons ativos de minérios abandonados por falta de recursos, atrair sócios para a exploração, iniciar o negócio e depois vendê-lo.
Com isso, ele chamou a atenção da Treasure Valley, uma mineradora do Canadá, da qual chegou a ser sócio. Nascia assim a TVX – o início de uma série de empresas que teriam, em comum, além da figura de Eike, a letra X no nome, o que é uma superstição do empresário e seria o símbolo da multiplicação da riqueza.
Em 1998, ele se desentende com os sócios e sai da empresa, já tendo acumulado, no entanto, um patrimônio de US$ 1 bilhão.
Na sequência, abre uma série de empresas sem grande sucesso: a fábrica de jipes JPX, a franquia de cosméticos Luma de Oliveira (então sua esposa) e a EBX Express. Até chegar no Grupo X.
A derrocada
O império X começou a desmoronar em 2013, depois de atrair os olhares do mundo todo para suas empresas, prometendo ganhos estratosféricos, mas apresentando resultados muito aquém do esperado. Por exemplo, ficou comprovado que seus poços de petróleo estavam secos, o que gerou uma grave crise de confiança no mercado.
Eike renunciou ao conselho da MPX e deu um calote de 45 milhões de dólares aos credores.
Em 2015, a empresa OGX passou a ser investigada pela CPI da Petrobras e, em 2017, Eike Batista foi condenado a 30 anos de prisão por corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Ele foi acusado de fazer parte de um esquema de corrupção do ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral, preso em 2016, mas já solto.
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