A França, maior produtora de vinhos do mundo, enfrenta uma grave crise do vinho, e uma medida drástica foi anunciada: o país vai destruir 4% de seus vinhedos. Essa decisão, amparada por um investimento de 120 milhões de euros da União Europeia, foi confirmada pelo Ministério da Agricultura francês e tem como objetivo reduzir a produção de vinho para equilibrar a oferta diante da queda no consumo e nas exportações.
Queda no consumo de vinho
Um dos principais fatores por trás da crise do vinho na França e em toda a Europa é a redução do consumo. Nos últimos anos, os hábitos dos consumidores mudaram significativamente. A pesquisa Vinexpo, citada pela rádio francesa RFI, revela que menos de um terço dos apreciadores de vinho têm menos de 40 anos. O consumo de vinho entre as gerações mais jovens está em declínio, pois eles têm preferido bebidas como cerveja, além de optar por refeições rápidas, menos associadas ao consumo de vinho.
Essa mudança de comportamento também impacta o tipo de vinho que ainda é consumido. Quando os jovens optam por vinhos, há uma preferência pelos tipos mais leves, como o vinho branco ou rosé, em detrimento dos vinhos tintos tradicionais.
Excesso de produção e estoques elevados
Outro agravante da crise do vinho na França é o acúmulo de estoques. Em 2023, regiões da França e de Portugal registraram um aumento de mais de 20% no armazenamento de vinho em comparação ao ano anterior, segundo a União Europeia. Isso ocorre devido ao excesso de produção, que não encontra correspondência na demanda, tanto interna quanto externa.
Com a redução do consumo, o volume de vinho não vendido nas adegas aumentou, pressionando o setor. A Comissão Europeia estima que, em 2005, um europeu consumia em média 30 litros de vinho por ano, enquanto a projeção para 2025 é de apenas 20 litros por pessoa, uma queda de 33% em duas décadas. Essa diminuição de demanda levou o bloco a implementar medidas severas para evitar a queda dos preços e o colapso do setor.
Crise do vinho: redução nas exportações
A crise do vinho na França também está relacionada à diminuição das exportações. Em 2023, as vendas de vinho francês para o exterior caíram 10%, especialmente devido à menor demanda da China. O gigante asiático, que antes era um dos principais mercados para os vinhos europeus, tem reduzido suas compras e passou a produzir seu próprio vinho. Além disso, a China agora importa mais vinho de países como Espanha e Itália, concorrentes diretos da França.
Essa queda nas exportações afeta diretamente a economia do setor, já que a França é um dos maiores exportadores mundiais de vinhos e depende fortemente das vendas internacionais para sustentar sua produção.
Medidas de contenção: destruição de vinhedos
Para lidar com esse cenário, o governo francês, com apoio da União Europeia, decidiu reduzir a produção de vinho. A destruição de 30 mil hectares de vinhedos, o equivalente a 27 mil campos de futebol, faz parte de uma estratégia para adequar a oferta à demanda. Com isso, o objetivo é manter os preços estáveis, evitando uma queda significativa no valor do produto diante do excesso de estoque.
Cada produtor que aderir à medida receberá cerca de 4 mil euros por hectare destruído, uma compensação financeira para minimizar os impactos dessa ação. A expectativa é que essa redução ajude a equilibrar o mercado e evitar uma queda drástica nos preços.
Crise do vinho: mudanças de hábitos
A crise do vinho na França reflete uma transformação profunda nos hábitos de consumo e no mercado global. A redução do consumo entre os jovens, o acúmulo de estoques e a queda nas exportações colocam em risco a sustentabilidade de um dos setores mais tradicionais do país. A destruição de vinhedos, embora uma medida extrema, se mostra necessária para enfrentar os desafios atuais e garantir a continuidade da produção vitivinícola no futuro.
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