Após a disparada das ações do Banco Pan ($BPAN4), na última terça-feira (3), em meio a rumores de uma possível oferta pública de aquisição (OPA) pelo BTG Pactual ($BPAC11), as duas instituições vieram a público negar, por ora, qualquer intenção de operação dessa natureza.
Os esclarecimentos foram enviados à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta quarta-feira (4), após ofícios enviados pela autarquia pedindo posicionamento formal diante da notícia veiculada pelo Brazil Journal.
No comunicado, o BTG afirma que “não há intenção, neste momento, de realizar uma oferta para o Banco Pan”, apesar de reconhecer que vem intensificando a integração entre as duas instituições “em busca de maiores sinergias operacionais e estratégicas”. A mesma mensagem foi reiterada pelo Banco Pan, que consultou seu controlador antes de emitir sua resposta à CVM.
“Entende-se que não há, neste momento, qualquer fato que deva ser qualificado como relevante, nos termos da regulamentação aplicável, especialmente a Resolução CVM nº 44/2021”, escreveu o CEO e diretor de RI do Pan, André Luiz Calabro.
Reestruturação e controle cruzado alimentam rumores sobre OPA do Banco Pan
A movimentação das ações do Banco Pan na B3 nesta terça-feira (3), com alta de mais de 6% e volume financeiro de R$ 31,1 milhões — o dobro da média dos cinco pregões anteriores —, foi impulsionada por especulações de que o BTG estaria prestes a incorporar definitivamente o Pan ao seu grupo.
A reportagem do Brazil Journal destacou que a presença de executivos do BTG nos quadros de comando do Pan cresceu significativamente nos últimos meses. Além da nomeação de Calabro, ex-BTG, como CEO do Pan em fevereiro, há outros cargos estratégicos ocupados por profissionais do banco controlador:
- Christian Flemming, CTO do BTG, acumula a função no Pan;
- Bruno Duque, diretor jurídico do BTG, também responde pela área no Pan;
- Mariana Cardoso, diretora de compliance do BTG, atua nas duas instituições;
- Bruno Peuker lidera a plataforma de banking B2C nos dois bancos.
A reportagem ainda aponta que o Banco Pan já opera “com uma estrutura quase matricial”, com suas áreas de negócios e suporte se reportando diretamente aos respectivos departamentos do BTG. Apenas a área de crédito manteria, até o momento, certa independência operacional.
Outro ponto que chamou atenção foi a forma como o CEO do BTG, Roberto Sallouti, tem se referido ao Pan em apresentações e teleconferências de resultados, chamando a marca de parte do grupo BTG Pactual e ressaltando a complementaridade das plataformas — o BTG mais voltado a alta renda, enquanto o Pan atende principalmente clientes de menor renda.
CVM cobra transparência e BTG admite esforço de integração com o Pan
A forte reação do mercado e a repercussão da matéria levaram a CVM a emitir ofícios separados a ambas as instituições, solicitando esclarecimentos sobre os rumores. A autarquia lembrou que, segundo a Resolução CVM nº 44/21, qualquer informação que possa influenciar a decisão de investidores deve ser imediatamente divulgada como fato relevante, caso se confirme.
Apesar da negativa sobre uma OPA iminente, tanto o BTG quanto o Banco Pan admitiram que há esforços em curso para promover a integração entre as áreas dos dois bancos, com foco em ganhos de escala e sinergia. Nenhum dos comunicados, no entanto, descarta completamente a possibilidade de uma futura reorganização societária.
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