Em várias mídias, jornais, sites e tudo mais, fala-se da moeda única entre Brasil e Argentina.
Vale dizer que a ideia não é nova.
O próprio ex-ministro Paulo Guedes já vinha falando disso lá atrás.
Há uns três anos, ele comentou bastante sobre isso. E parece que o novo governo também está encampando essa medida.
Aliás, o mesmo Paulo Guedes tem texto escrito na década retrasada falando a respeito de uma moeda única para toda a América Latina.
O que se sabe até agora é que essa divisa viria para facilitar o comércio entre os dois países. Não é que vamos trocar o real por uma moeda nova ou o peso argentino vai ser essa moeda nova também. Não vai haver troca de moeda, nada disso.
A ideia é, pelo menos por enquanto, que seja só uma moeda virtual para facilitar o comércio.
Porém, isso não me parece ser algo interessante. Explico logo abaixo.
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Moeda para transação internacional tem que ser forte
Os países e as empresas costumam escolher uma determinada moeda para as transações por conta de vários fatores.
O principal motivo para eu escolher uma moeda para fazer transação internacional é a credibilidade. Para eu vender o meu produto lá fora a moeda da transação precisa ter credibilidade.
Não é à toa que o dólar americano é a moeda do comércio exterior. Aproximadamente 80% de toda a transação feita no mundo é em dólar.
Então, para uma empresa escolher uma outra moeda que não seja uma moeda forte, com credibilidade, seria preciso ter uma vantagem muito grande. Talvez uma vantagem de custo.
Eu não sei se você sabe, mas o empresário brasileiro já pode exportar em reais, por exemplo, para o Mercosul. E a mesma coisa pode fazer o argentino. Ele também pode exportar em peso para cá.
O ponto é que não é muito funcional para as empresas fazer isso. Simplesmente porque as empresas preferem usar o próprio dólar ou até a moeda chinesa ou o euro. E, por isso, eu acho que a moeda única entre Brasil e Argentina não é uma boa ideia.
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Por Alexandre Viotto, head de banking da EQI Investimentos.