As criptomoedas iniciaram a semana sob forte pressão, em meio à continuidade da onda global de aversão ao risco e à intensificação das liquidações forçadas no mercado. Na tarde de segunda-feira (1), Bitcoin e Ethereum registraram quedas acentuadas, refletindo um ambiente de maior cautela entre investidores e operadores altamente alavancados.
O Bitcoin era negociado por cerca de US$ 85.894, no fim da tarde de ontem, acumulando retração de 6% no dia. O Ethereum recuava 8,4%, cotado a US$ 2.776,39. Entre os demais criptoativos de grande capitalização, a solana despencava mais de 9% e permanecia abaixo de US$ 125, ampliando o movimento negativo que dominou o setor.
No entanto, nesta terça-feira (2), o mercado de criptoativos já registrava uma recuperação. O Bitcoin registrava alta de 2,60%, a US$ 87.403; enquanto o Ethereum subia 0,86%, a US$ 2.839.
Na Ásia, um comunicado divulgado no sábado pelo Banco Popular da China, alertando para atividades ilegais envolvendo moedas digitais, adicionou tensão às criptomoedas e derrubou ações de empresas de tecnologia e ativos digitais listadas em Hong Kong. O impacto se estendeu para a sessão de segunda-feira, aprofundando o sentimento de cautela no mercado global.
Criptomoedas: deterioração ocorre em meio à incertezas
A deterioração recente nos preços das criptomoedas ocorre paralelamente a um ambiente mais amplo de aversão ao risco no início do mês, em um contexto marcado por incertezas macroeconômicas e dúvidas sobre possíveis cortes de juros nos Estados Unidos.
Ben Emons, fundador e diretor de investimentos da Fedwatch Advisors, destacou que o mercado segue “nervoso” após as quedas expressivas do bitcoin vistas nas últimas semanas. Segundo ele, a reversão desta segunda-feira foi amplificada pela liquidação de uma corretora avaliada em US$ 400 milhões.
Em entrevista à CNBC, Emons chamou atenção para a elevada alavancagem existente nas plataformas de negociação de criptomoedas — em alguns casos, chegando a 200 vezes. Ele estimou que o montante alavancado em contratos futuros perpétuos alcança US$ 787 bilhões, muito acima dos cerca de US$ 135 bilhões expostos em ETFs ligados ao setor. “Basta fazer as contas”, afirmou, sugerindo que novas ondas de liquidações podem ocorrer caso os preços não se recuperem.
O especialista também observou que o bitcoin tem mostrado maior correlação com índices de tecnologia, como o Nasdaq, especialmente após a forte onda de vendas vista em outubro. Para ele, essa sensibilidade adicional decorre do perfil predominantemente varejista do mercado cripto, que tende a reagir de forma mais abrupta que investidores institucionais.
Indicadores técnicos apontam para uma deterioração estrutural de curto prazo no mercado de criptomoedas. De acordo com Zach Pandl, chefe de pesquisa da Grayscale, houve queda no interesse em aberto dos contratos futuros perpétuos — sinal de menor apetite por especulação e alavancagem. Além disso, os volumes de negociação permanecem relativamente baixos tanto em exchanges centralizadas quanto em plataformas descentralizadas.
Para Pandl, esse cenário indica um mercado mais fragilizado e com menor disposição ao risco, o que pode manter a volatilidade elevada nas próximas semanas.
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