A Motiva (MOTV3), a antiga CCR, anunciou, na noite da última terça-feira (18), a venda integral de sua operação de aeroportos para a mexicana ASUR (Grupo Aeroportuario del Sureste) por um enterprise value de R$ 11,5 bilhões.
A transação marca a entrada do grupo mexicano no mercado brasileiro e representa o maior negócio já realizado no setor, segundo a própria companhia.
Pelos termos acordados, a ASUR comprará 100% da Companhia de Participações em Concessões (CPC), holding que reúne todos os ativos aeroportuários da Motiva no Brasil e no exterior.
O equity value da CPC foi avaliado em R$ 5 bilhões, sujeito a ajustes até o fechamento, enquanto o total da operação, incluindo dívidas, chega aos R$ 11,5 bilhões.
O portfólio vendido inclui 20 aeroportos, sendo 17 no Brasil e 3 em outros países da América Latina, que juntos registraram R$ 3 bilhões em receita nos 12 meses encerrados em setembro, com margagem EBITDA de 51%.
A negociação ocorreu a um múltiplo de 8,8 vezes EV/EBITDA, superior ao valuation atual da Motiva, que negocia a 5,7 vezes o indicador para os próximos 12 meses.
Segundo o CEO da Motiva, Miguel Setas, a empresa recebeu 20 propostas iniciais, reduzidas a 11 ofertas não vinculantes, até chegar a quatro finalistas antes da escolha da ASUR.
Setas afirmou que este foi “o maior deal no setor de aeroportos” e que o valor obtido é “bastante interessante e accretive para a operação”.
A venda está alinhada ao plano estratégico “Ambição 2035”, que prevê simplificação do portfólio e foco em rodovias e trilhos. Com a operação, a Motiva reduzirá seu número total de ativos de 37 para 17, facilitando a gestão cotidiana.
No comunicado ao mercado, a companhia reforçou que a transação “viabiliza destravamento de valor e simplificação do portfólio”, além de ampliar a flexibilidade para crescer de forma “rentável e seletiva” nos segmentos prioritários.
Condições e aprovações regulatórias
A conclusão da venda depende de aprovações de:
- Agência Nacional de Aviação Civil (Anac);
- Autoridades governamentais no exterior;
- Órgãos concorrenciais internacionais.
Essas condições precedentes seguem o padrão de operações do tipo.
Impactos financeiros para a Motiva
Após o fechamento, a Motiva estima que sua alavancagem cairá de 3,5x para 3x, reforçando a robustez financeira. A operação também faz com que a empresa alcance o piso da meta de desinvestimentos estabelecida no plano estratégico, entre R$ 5 bilhões e R$ 10 bilhões.
A Motiva ainda estuda atrair um sócio minoritário para o segmento de trilhos ou vender ativos específicos para completar a faixa superior das metas de desinvestimento.
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