A exchange de criptomoedas FTX, que declarou falência há quase um ano, utilizou mais de US$ 1 bilhão provenientes das contas de seus clientes para readquirir a parcela do negócio que anteriormente fora comprada pela rival Binance dois anos antes.
A revelação veio à tona, na última quarta-feira (18), durante um depoimento prestado por um especialista encarregado de investigar o movimento de criptomoedas entre a FTX e a Alameda Research, ambas fundadas por Sam Bankman-Fried, o ex-bilionário atualmente enfrentando um julgamento nos Estados Unidos.
De acordo com Peter Easton, professor de contabilidade da Universidade de Notre Dame, contratado pelo Departamento de Justiça dos EUA, bilhões de dólares em ativos foram transferidos das contas dos usuários da FTX para a Alameda nos últimos anos. Deste montante, mais de US$ 1 bilhão foi utilizado na recompra da participação da FTX junto à Binance.
A Binance havia investido na FTX em 2019, quando a exchange movimentava cerca de US$ 500 milhões diariamente, muito menos do que os cerca de US$ 50 bilhões em seu auge, quando chegou a ser a segunda maior plataforma de negociação de criptomoedas do mundo.
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Dois anos depois, a FTX desembolsou mais de US$ 2,1 bilhões para recomprar a parcela da Binance em uma transação feita em criptomoedas. Agora, durante o julgamento de Bankman-Fried, foi revelado que cerca da metade desse montante foi retirada das contas dos usuários da FTX.
As criptomoedas recebidas pela Binance foram liquidadas em novembro de 2022, pouco depois das primeiras suspeitas de desvio de recursos pela FTX virem à tona.
Na mesma semana, a exchange norte-americana entrou em colapso e declarou falência, com a tentativa frustrada de Bankman-Fried de vender a empresa para a Binance como último recurso, que optou por não adquirir a concorrente.