A Ultrapar (UGPA3) está de olho na liquidação das ações do grupo Cosan (CSAN3) e quer uma parte da Rumo (RAIL3) para dar uma nova direção à empresa. Segundo o Brazil Journal, a aproximação deve começar com uma abocanhada de 5% das ações.
“A Ultrapar vem reiterando interesse em expandir sua presença em negócios onde consiga contribuir”, ressalta o time de análise da Ativa Investimentos, em um relatório publicado nesta quinta-feira (27).
A chegada da dona do Ipiranga cai como uma luva para o momento desafiador da Rumo. Isso porque a presença de um comprador estratégico tende a sustentar preço e liquidez e reduz a percepção de pressão vendedora.
As ações acumulam uma queda de aproximadamente 12% em 6 meses, enquanto o Ibovespa tem uma variação positiva de 13% no mesmo período.
“Para a Cosan, que estuda desinvestimentos na holding, a existência de um potencial adquirente com visão operacional é claramente favorável”, ressalta a Ativa.
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Os analistas lembram que a posição financeira da Ultrapar hoje é mais confortável que a da Cosan, cuja alavancagem permanece elevada.
“Essa assimetria sugere que, além das sinergias operacionais, sinergias financeiras (melhor custo de capital, capacidade de financiamento e estrutura societária mais eficiente) também poderiam contribuir para um desfecho mais favorável caso a transação avance”, pontua a Ativa.
Raízen
A Raízen, empresa da Cosan e dona dos postos Shell, vive um dia de alívio na Bolsa nesta quinta-feira.
A ações engataram uma forte alta, chegando a avançar mais de 6% no início da tarde, em meio à repercussão de uma nova ofensiva das autoridades contra o esquema de sonegação fiscal envolvendo a refinaria privada Refit (antiga Manguinhos) — considerada a maior devedora contumaz do setor.
O movimento acompanha o rali das demais distribuidoras de combustíveis, como Vibra Energia (VBBR3) e Ultrapar, que subiam entre 1% e 4% no período.
Operação mira R$ 26 bilhões em fraudes e redesenha a competição do setor
A Operação Poço de Lobato — que envolve Receita Federal, Ministério Público de São Paulo, secretarias de Fazenda, Procuradorias e as Polícias Civil e Militar — busca desarticular um esquema bilionário de sonegação, fraude aduaneira e ocultação de receitas.
Segundo o governo paulista, a investigação tem mais de 190 alvos, incluindo holdings, offshores e fundos usados para mascarar movimentações financeiras.
A Refit, que teria movimentado R$ 70 bilhões em um único ano e acumulado dívidas de R$ 25 bilhões, é apontada como peça central na competição desleal contra distribuidoras listadas.
O Bradesco BBI reforça que o fechamento parcial das operações da Refit em setembro já havia provocado:
- ganho imediato de market share por Raízen, Vibra e Ultrapar;
- redução do gap de preços entre postos com bandeira e bandeira branca;
- melhora da precificação no Sudeste, sugerindo espaço para expansão de margens.
“Os esforços contra a informalidade estão se intensificando, reforçando nossa visão construtiva para o setor”, afirma o banco.
BTG: operação marca ‘ponto de inflexão’ e antecipação do ciclo positivo
O BTG Pactual reforça essa leitura e afirma que a Operação Poço de Lobato representa a ação mais contundente já realizada contra a Refit — acusada de distorcer preços, pressionar margens e romper a dinâmica de competição saudável no setor.
Segundo o BTG, dados recentes de vendas já mostram essa tendência: incumbentes vêm ganhando market share no Sudeste, justamente onde a Refit concentrava sua atuação.
O banco afirma que o setor pode caminhar para um “novo normal competitivo” com margens estruturalmente mais fortes — e antes do que o mercado projetava.






