Em entrevista ao programa “É Notícia”, da Rede TV, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que pode rever a autonomia do Banco Central após o mandato do atual mandatário, Roberto Campos Neto, que termina em dezembro de 2024.
“Quero saber do que serviu a independência do Banco Central. Eu vou esperar esse cidadão [Campos Neto] terminar o mandato dele para fazermos uma avaliação do que significou o banco central independente”, declarou Lula.
Apesar da crítica à autonomia do Banco Central, o presidente comentou que acha irrelevante este assunto, visto que a pauta dele é a questão da taxa de juros.
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Lula concedeu a entrevista para o canal de TV um dia após o Comitê de Política Monetária (Copom) manter a taxa Selic em 13,75%. No comunicado, os dirigentes adotaram um tom duro ao dizer que o possível aumento dos gastos públicos orienta o comitê a postergar a redução dos juros.
Diante disso, Lula reclamou da decisão do Banco Central afirmando que “não existe nenhuma razão para a taxa de juros estar em 13,75%”. Dessa forma, ele citou que vai “cobrar” o órgão pelo nível atual da Selic.
O petista apontou que o Brasil não está em uma situação em que as pessoas estão comprando em excesso, movimento que faria o Banco Central agir para aumentar ou manter os juros altos, com o objetivo de esfriar a economia.
Para defender o fim da autonomia do Banco Central, Lula relembra a sua relação com Henrique Meirelles, ex-presidente do órgão. Segundo o atual chefe do Executivo, Meirelles, em sua época, tinha “toda a autonomia para fazer a política monetária que ele quis fazer”.
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Ainda na entrevista, Lula recomendou para Kennedy Alencar, jornalista da Rede TV, perguntar se os presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, respectivamente, estão “felizes com a atuação do presidente do Banco Central”.
“Eu acho que eles imaginavam que, fazendo o Banco Central autônomo, a economia voltaria a crescer, os juros abaixariam e tudo ia ser maravilhoso”, desabafa.
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Lula crítica Banco Central sobre a meta de inflação
Além da autonomia do Banco Central, Lula também se queixou da meta de inflação, atualmente está em 3,25%. A meta é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Ao contrário do Copom, os ministros da Fazenda e do Planejamento fazem parte do CMN. Logo, o governo federal tem influência na elaboração do número.
Contudo, Lula classificou a meta de 3,25% como um exagero, visto que ela está sendo superada de longe nos últimos dois anos.
“Eu estou dizendo que o Brasil não precisava disso. Então, ele [Campos Neto] quer chegar à inflação padrão europeu? Não. Nós temos que chegar à inflação padrão Brasil. Uma inflação de 4,5% no Brasil, de 4%, é de bom tamanho se a economia crescer. Agora, você faz uma meta que é ilusória, você não a cumpre, e por conta disso, você fica prejudicando o crescimento do país”, reprova o presidente.
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Independência do Banco Central
A independência do Banco Central foi aprovada pelo Congresso e sancionada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em fevereiro de 2021. Ela foi aprovada para tirar a influência política do seu escopo de decisões, sendo que elas devem ser baseadas nos princípios da estabilidade econômica.
Os mandatos do presidente e dos diretores do BC, com duração de quatro anos, não coincidem com os do presidente da República. Assim, os governos que tomam posse têm que conviver por mais tempo com as autoridades monetárias indicadas pela gestão anterior. Neste caso, Roberto Campos Neto, indicado por Bolsonaro, terá metade do seu mandato durante o governo Lula.
Campos Neto permanecerá no cargo até dezembro de 2024.
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