A guerra provocada pela invasão da Rússia à Ucrânia já trouxe impactos na economia brasileira, como o aumento no preço dos combustíveis e uma pressão inflacionária cada vez maior. Por outro lado, um setor da economia pode aumentar seus ganhos com a guerra: os produtores e exportadores de commodities.
O setor, que já vinha em alta desde o ano passado, vem experimentando uma subida maior nos preços e a previsão é que o Brasil bata recorde de superávit na balança comercial. Em alguns casos, as estimativas apontam para um saldo superior a US$ 80 bilhões.
Analistas alertam, no entanto, que há diferenças no atual cenário em relação a 2021 que podem derrubar esses valores, como:
- uma esperada desaceleração da economia global;
- maior valorização do real frente ao dólar;
- queda dos termos de troca.
Bancos otimistas
Em cenários divulgado neste mês, já considerando os efeitos da guerra, Itaú Unibanco e Bradesco atualizaram para cima a projeção de superávit comercial em 2022 para US$ 74 bilhões e US$ 75 bilhões, respectivamente. Se realizadas as projeções dos bancos, a balança comercial terá marco histórico, superando o saldo de 2021 que chegou ao recorde de US$ 61,4 bilhões, segundo a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia.
A consultoria AC Pastore tem estimativas que indicam superávit ainda maior, entre US$ 85 bilhões e US$ 95 bilhões, de acordo com os diferentes níveis de impacto da guerra sobre o comércio exterior.
Ao jornal Valor Econômico, a economista-chefe da empresa, Paula Magalhães, disse que as estimativas podem ser novamente ajustadas de acordo com os acontecimentos no cenário da guerra.
Risco de longo prazo
Os economistas Rafael Martins Murrer e Fabiana D’Atri, do Bradesco, apontam no estudo do banco que a invasão da Ucrânia intensificou a alta das de commodities como petróleo, gás natural, trigo, níquel, soja, milho e minério de ferro. É preciso também ficar atento ao cenário de fertilizantes: o Brasil parou de importar o suprimento da Rússia, o que equivale a cerca de um quarto do consumo nacional, e isso pode impactar na produtividade próxima safra.
Bem menos otimista, a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) prevê um balanço comercial positivo em torno dos US$ 49 bilhões, O presidente da entidade, José Augusto de Castro, disse ao Valor que os preços de importação cresceram de forma mais acelerada até o início deste ano, mas acredita que a quantidade de produtos exportados pelo Brasil pode cair por falta de demanda dos importadores, no caso de a guerra provocar uma redução no ritmo global da economia.
Quer entender como o comércio exterior impacta seus investimentos? Então preencha este formulário que um assessor da EQI Investimentos entrará em contato para tirar todas as suas dúvidas.