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Grandes bancos enxergam um 2022 desafiador

Grandes bancos enxergam um 2022 desafiador

Mesmo com lucros recordes em 2021 e a provável retomada dos negócios após o baque inicial da pandemia, os principais bancos privados do Brasil, Bradesco (BBDC4), Itaú Unibanco (ITUB4) e Santander (SANB11), estimam que o ano de 2022 terá um ritmo de crescimento mais baixo. 

Um PIB perto de zero, eleições, inflação e juros elevados devem diminuir a expansão do crédito, após dois anos de forte alta. Além disso, a inadimplência pode subir, ainda que não tenha uma previsão de explosão do risco. Deste modo, as instituições bancárias entendem que a economia brasileira deve apenas retornar ao nível pré-pandemia. 

De acordo com uma reportagem do Valor Econômico, em 2022, os bancos preveem um crescimento dentro da margem financeira, beneficiada por um enfoque maior nas linhas mais arriscadas – fato que já vinha sendo observado desde meados de 2021. Com isso, as provisões para devedores duvidosos (PDD) devem aumentar, ainda que as instituições estejam com níveis de cobertura bastante elevados após separarem grandes somas para lidar com a pandemia no início de 2020. 

Diante deste cenário, a expectativa é o aumento da inadimplência, porém ela deve permanecer em patamares pré-pandêmicos e longe dos picos observados em crises anteriores. 

Embora os bancos tenham a expectativa de apostar em clientes com o maior potencial de risco, o crédito em 2022 deve desacelerar. Após o mercado todo ter avançado 16,5% no ano passado, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) estima expansão de 6,7% para 2022. 

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Contudo, os grandes bancos parecem mais animados com o cenário brasileiro. O ponto médio das projeções do Itaú é de 13% para suas operações no Brasil, enquanto o do Bradesco é de 12%. O Santander não divulga estimativas, porém diz que o crescimento deve ficar perto de um dígito alto, ou seja, menos de 10%.

Crédito mais caro deve diminuir a oferta

Devido às incertezas do ambiente macroeconômico, como as eleições e inflação e juros altos, o crescimento do crédito para as empresas deve ser mais fraco. Uma vez que esses clientes vão evitar fazer grandes investimentos. Assim, parte desse volume de capital pode ser alocado para os mercados de capitais, aproveitando a busca dos investidores por taxas maiores. 

Em relação à pessoa física, o crédito imobiliário deve cair após um biênio forte por causa dos aumentos seguidos da taxa Selic. Por outro lado, a expectativa é de avanço em linhas mais arriscadas, como cartão de crédito e empréstimo pessoal, com a reabertura após a pandemia.

Resultados positivos em 2021

No ano passado, o lucro consolidado de Itaú Unibanco, Bradesco e Santander bateu o recorde com um número de R$ 69,44 bilhões, uma alta de 30,4% sobre 2020. O resultado foi impulsionado pela margem financeira, que apresentou um crescimento de 7,3%. 

Isso tudo refletiu uma expansão da carteira de crédito (com alta de 11,7%) e a queda de 26% das despesas com PDD. As receitas de tarifas também foram excelentes, com ganho de 7,3%.

Mesmo com o avanço das fintechs e de mudanças regulatórias, como a implementação do Pix, a reabertura da economia catapultou algumas linhas de créditos, principalmente os cartões. 

Sem contar que os grandes bancos conseguiram conter gastos operacionais. Graças a essa medida, eles conseguiram contornar a forte inflação de 2021. As despesas avançaram apenas 2,0%, ante um IPCA de 10,06% no acumulado do ano.

Perspectivas dos bancos privados para 2022

O CEO do Itaú, Milton Maluhy Filho, relatou, em uma entrevista para o Valor Econômico, que o cenário macroeconômico em 2022 apresenta alguns pontos de atenção, embora tenha uma relativa estabilidade. 

Já o presidente do conselho do Santander, Sergio Rial, entende que mesmo com a atividade econômica mais fraca, inflação e juros elevados, ele não vê “a menor necessidade” de reduzir o apetite por risco. “Já fizemos mudanças importantes na estrutura de portfólio lá atrás.”

O executivo do banco espanhol ainda relata que a empresa começou a adotar medidas de precaução, ajustando seu modelo de risco ao que poderia ser um ambiente de inadimplência mais hostil. 

O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Jr., afirmou que espera um crescimento consistente do crédito neste ano mesmo com um cenário econômico mais fraco. Segundo ele, a expansão deve refletir o movimento apresentado pelo banco em 2021 e a expectativa de que, apesar do aumento da taxa de juros, o ano seja de continuidade da normalização da economia. 

Entretanto, Lazari reconhece que o Bradesco não está imune ao cenário desafiador de 2022 na economia, em um ano que promete ser recheado com incertezas fiscais, inflação elevada e aumentos da Selic. “O ano de 2022 deve ser ano de baixo crescimento, o que pode impactar nossa operação. […] Estamos mais cautelosos, a demanda de crédito pelos clientes vai ser menor com taxa de juros elevada”, conclui em entrevista ao Valor Econômico.