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Mercado de luxo no Brasil cresce 12% ao ano

Mercado de luxo no Brasil cresce 12% ao ano

O mercado de luxo no Brasil cresce em ritmo acelerado, consolidando o país como protagonista no cenário internacional de bens premium. Segundo relatório recente divulgado pela Bain & Company, o Brasil lidera o ranking de desempenho do mercado de luxo, com crescimento de 12% ao ano, contra 3% da média global. Em números absolutos, o mercado movimentou R$ 98 bilhões em 2024, com projeção de atingir R$ 150 bilhões até 2030, revelando um potencial extraordinário para os próximos anos.

Essa ascensão do mercado de luxo que cresce no Brasil não representa simplesmente um fenômeno de consumo atrativo. Especialistas em high ticket avaliam que, para além do status e o apelo à exclusividade que movimentam este mercado, houve uma mudança importante no comportamento dos consumidores brasileiros, que passaram a enxergar determinados itens como ativos para investimentos e reserva de valor.

O consumidor contemporâneo de luxo no Brasil não é mais motivado unicamente pelo prestígio; ele também busca alternativas de investimento que proporcionem retorno financeiro mensurável e proteção patrimonial em longo prazo.

A transformação comportamental possui raízes geracionais profundas. Segundo o último relatório Navigating the Future of Wealth, elaborado pela plataforma global de migração Multipolitan, cerca de US$ 84 trilhões serão transferidos dos Baby Boomers para as gerações seguintes, principalmente os Millennials e a Geração X, até 2045.

Essa transferência massiva de riqueza concentra-se em novas mãos, gerações que cresceram digital e financeiramente alfabetizadas, buscando diversificar seus portfólios com ativos alternativos que combinem prestígio e rentabilidade.

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Bolsas de luxo: quando a moda vira investimento

Adobe Stock

As bolsas de grife representam o exemplo mais emblemático da transformação do mercado de luxo no Brasil e globalmente. Os modelos mais consagrados de bolsas de grife são, sem dúvidas, os que melhor ilustram essa tendência, sendo as bolsas Birkin da Hermes (RMS) um ativo que se valoriza significativamente ao longo do tempo, tornando-se um investimento para muitos, com alta média anual de crescimento de cerca de 14%.

Essa valorização sistemática posicionou as bolsas como alternativa de investimento comparável a ativos tradicionais, atraindo não apenas fashionistas, mas investidores sofisticados.

Lilian Marques, CEO da Front Row, plataforma nacional de revenda de produtos de alto padrão com foco em bolsas Hermès, joias e relógios, oferece perspectiva reveladora sobre o perfil dos compradores contemporâneos. Segundo ela, à Exame, 25% de seus clientes compram bolsas Hermès com perfil de investidor, alguns nem chegam a usar o item, mantendo-o em estado de conservação ideal para futura revenda.

Marques enfatiza a mudança paradigmática: “As compras deixaram de ser meramente para consumo e passaram a ser um elemento de escolha de médio e longo prazo”. Essa declaração encapsula a metamorfose do mercado de luxo no Brasil e internacionalmente, onde o hedging financeiro se entrelaça com a apreciação estética.

Os números corroboram essa tendência.

Nos EUA, o modelo mais simples, Birkin 25, subiu 10% nos nove primeiros meses de 2025, passando de US$ 12.100 para US$ 13.310. O ganho entre 2020 e 2025 fica em linha com o Ibovespa, mas sem a volatilidade clássica do mercado acionário e sem contar a diferença cambial. Já na Europa, o preço da Birkin 25 em couro Togo encontra-se em € 8.950, acima dos € 5.900 em 2016, representando aumento de 51,7%.

A Front Row opera como advisor de investimentos de luxo, comercializando modelos seminovos e novos das linhas mais desejadas do mundo, com ticket médio de R$ 55 mil, onde os clientes já obtêm lucros expressivos em revendas. Em alguns casos, foram observados ganhos superiores a R$ 400 mil. Segundo Marques, “a escassez é o que move esse mercado”, ou seja, quanto mais rara e bem preservada a peça, maior seu potencial de valorização.

Relógios de precisão: patrimônio que marca o tempo

O mercado de relógios também consolidou seu lugar como investimento de excelência no segmento premium. Um recente levantamento realizado pela Bob’s Watches, marketplace especializado no segmento, mostrou que, entre 2010 e 2025, os modelos Rolex tiveram uma valorização média de 550%.

No mesmo intervalo de 15 anos, o Índice Ibovespa ficou atrás com 77,81%, segundo a Elos Ayta Consultoria. Essa disparidade demonstra a solidez dos relógios de luxo como hedges inflacionários, particularmente em contextos econômicos voláteis.

Patrícia Bianco, empresária e internacionalista especializada em comunicação de luxo, oferece análise que transcende números para abordar valor intrínseco. Ela defende que outro aspecto fundamental que tira do luxo o estigma de “futilidade” é a herança cultural e os processos de produção preservados pelas marcas. Isso é observado na linha de produção de um relógio da Rolex, que se baseia em um minucioso trabalho artesanal, com matéria-prima e técnicas próprias, aliado à tecnologia e à engenharia.

Adobe Stock

A especialista ressalta o paradoxo contemporâneo: “Considerando um mundo obcecado por automação, rapidez nos processos e, cada vez mais, pela inteligência artificial, preservar esse saber ancestral é preservar um patrimônio cultural imaterial da humanidade. Isso não tem preço.”

Sua reflexão posiciona os relógios de luxo não apenas como investimentos financeiros, mas como guardiões de conhecimento artesanal em risco de extinção.

A combinação entre precisão técnica, herança histórica e escassez controlada estabelece um tripé que sustenta a valorização contínua do segmento. Diferentemente de ativos puramente especulativos, relógios de luxo oferecem tangibilidade, usabilidade e, fundamentalmente, uma conexão emocional que transcende métricas financeiras tradicionais.

Ouro e joias: o ativo seguro em tempos de incerteza

Nos últimos meses, a alta consistente do ouro nas bolsas internacionais aumentou o interesse pelas joias como alternativa de investimento. Nesta semana, o preço do ouro atingiu um recorde acima de US$ 4 mil por onça-troy (o equivalente a 31,1 gramas), movimento diretamente relacionado ao interesse dos investidores naquilo que é percebido como um ativo seguro.

Em contextos de instabilidade macroeconômica, o ouro funciona como âncora de valor, mantendo seu poder de compra independentemente das flutuações cambiais ou inflacionárias.

Apesar desse ápice estar diretamente ligado às tensões econômicas e diplomáticas atuais, essa é uma tendência que já se formava anteriormente. A cotação do ouro apresenta uma alta acumulada de 54% em 2025, até o momento, mas em 2024 o metal já havia apresentado uma boa valorização de 27%. Essa progressão consistente demonstra que o interesse em ouro como ativo não é meramente cíclico, mas estrutural, refletindo uma preocupação crescente com a preservação de patrimônio.

A procura é vista nas joalherias, nas plataformas especializadas e nas casas de leilão, enquanto peças vintage, raras ou de coleções especiais vêm sendo ainda mais valorizadas pelas mesmas condições que estão aumentando o preço do ouro. O mercado de luxo no Brasil cresce neste segmento através da convergência entre demanda estética e demanda hedging.

Vinhos finos: a arte líquida do investimento

Os vinhos finos ocupam posição peculiar no universo de ativos alternativos, combinando sofisticação sensória com retorno financeiro substancial. Eles são vistos como ativos alternativos que tendem a ter correlação baixa com os sistemas financeiros convencionais, o que os torna interessantes para diversificação de portfólio.

Em 2024, o mercado global de vinhos de luxo foi avaliado em US$ 133,19 bilhões, com previsão de atingir US$ 278,2 bilhões até 2033, com uma taxa de crescimento anual de 8,53% entre 2025 e 2033, segundo a Business Research Insights.

Esses números posicionam vinhos finos entre as categorias de crescimento mais dinâmicas no mercado de bens premium.

A valorização dos vinhos finos resulta de fatores multidimensionais que os diferenciam de commodities tradicionais. Aspectos como variações das safras, escassez e exclusividade, avaliações de críticos e colecionadores, tempo de maturação, entre outros, tendem a valorizar esse tipo de produto com o passar dos anos.

Ao mesmo tempo, essas mesmas particularidades do mercado de vinhos podem, eventualmente, demandar maior tempo e paciência para atrair os compradores certos por meio de leilões, vendas privadas ou marketplaces. A democratização de acesso vem ocorrendo através de ferramentas inovadoras.

Atualmente, também existem ETFs (Exchange Traded Funds) e fundos temáticos que facilitam, mesmo com poucos recursos inicialmente, a aplicação dos investidores, carteiras compostas por vinhos finos ou empresas do setor. Essa inovação financeira reduz barreiras de entrada, permitindo que mais investidores participem desse mercado sofisticado.

Obras de arte: o investimento compartilhado

Para quem deseja investir em obras de arte, mas não necessariamente ter a tela na sala de casa e arcar com altos custos, a inovação financeira oferece solução elegante: investir em acervos de propriedade compartilhada de obras de arte. Essa é uma demanda crescente experimentada pela Hurst, maior ecossistema de ativos alternativos da América Latina.

As vendas de obras de arte têm uma média de 25% a.a. no prazo de 15 a 38 meses aos investidores, demonstrando rentabilidade comparável a outros ativos premium analisados.

A evolução do mercado levou a Hurst Capital a desenvolver estruturas ainda mais sofisticadas para maximizar retorno e mitigar risco. A transação, realizada por meio de certificados de recebíveis, consiste na concessão de crédito com garantia lastreada em obras de arte. Este formato tem atingido a rentabilidade de cerca de 40% a.a. em operações de curto prazo, até 5 meses.

O fenômeno reflete a maturidade do mercado de luxo no Brasil que cresce, onde a inovação financeira converge com demanda genuína por diversificação.

Devido às oscilações econômicas, a operação de obras de arte da Hurst Capital agora passou a realizar investimento nas galerias brasileiras em feiras internacionais. Ana Maria Lima de Carvalho, Head de Investimento em Obras de Arte da Artk, originadora de investimentos em obras de arte da Hurst Capital, contextualiza essa dinâmica: “A procura aumentou, principalmente diante das notícias de investimentos que pareciam seguros e os acontecimentos comprovaram que não. Mas nos sentimos desafiados todos os dias para aumentar a rentabilidade e mitigar qualquer risco”. Sua afirmação sintetiza a sofisticação contemporânea do investidor brasileiro de luxo.

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