A Ferrari F50 da coleção brasileira do museu Carde, em Campos do Jordão (SP), conquistou destaque internacional ao vencer uma categoria especial no The Quail: A Motorsports Gathering*, evento realizado na Califórnia durante a Monterey Car Week. Trata-se da primeira vez que um carro de coleção nacional participa e é premiado nesse encontro, considerado um dos mais exclusivos do mundo.
O reconhecimento não veio por acaso. O exemplar é o segundo protótipo de três construídos antes da produção em série das 349 unidades oficiais da Ferrari F50. Essa exclusividade, somada ao estado impecável de conservação, garantiu ao modelo a atenção dos jurados e reforçou a relevância do colecionismo automobilístico brasileiro no cenário internacional.
O processo de restauração
Antes de competir nos Estados Unidos, a Ferrari F50 passou por um processo de restauração minucioso no Brasil. Apesar de ter chegado em boas condições estéticas, o carro apresentava desgaste natural em rodas, bancos e acabamento em fibra de carbono. A restauração envolveu técnicas especializadas, uso de manuais originais e pesquisas aprofundadas para garantir a máxima fidelidade ao projeto de fábrica.
Um dos maiores desafios foi lidar com a ausência de peças disponíveis. Estima-se que cerca de 80% dos componentes necessários já não fazem parte do acervo oficial da Ferrari. Por isso, cada detalhe precisou ser reconstruído com precisão, desde parafusos até a pintura, devolvendo ao protótipo sua autenticidade histórica e visual. O resultado foi um exemplar pronto para representar o Brasil em um dos palcos mais prestigiados do automobilismo.
The Quail e a celebração da F50
O The Quail se consolidou como um dos eventos mais exclusivos de carros clássicos e superesportivos do mundo. A edição de 2023 destacou os 30 anos da Ferrari F50, reunindo exemplares raríssimos e versões especiais, como a F50 GT1 de 1996, vencedora da categoria principal “Best of Show”.
Ter uma Ferrari F50 brasileira entre os premiados reforça a importância crescente da cultura do colecionismo no país e coloca o museu Carde no mapa internacional. O feito não apenas valoriza a coleção nacional, mas também projeta a imagem do Brasil como guardião de um patrimônio automobilístico capaz de dialogar com os maiores nomes do setor.
F50: um Fórmula 1 para as ruas
A Ferrari F50 foi lançada em 1995 como sucessora da icônica F40, trazendo a proposta de entregar ao público a experiência mais próxima possível de pilotar um carro de Fórmula 1. Para isso, dispensava assistências eletrônicas como direção hidráulica e freios ABS, deixando a condução totalmente nas mãos do motorista.
Construída com chassi em fibra de carbono, câmbio manual de seis marchas em liga de magnésio e motor 4.7 V12 de 527 cv, a F50 alcançava até 325 km/h. Apenas 349 unidades foram produzidas, número estrategicamente limitado para aumentar a exclusividade. Hoje, cada exemplar é tratado como peça de colecionador, e o protótipo brasileiro premiado nos EUA reforça o valor histórico e cultural desse supercarro.
Leia também: