O bilionário Elon Musk mantém seu interesse na aquisição completa do Twitter (TWTR34) e no fechamento do capital da rede social, enquanto a companhia se movimenta para se manter na Nasdaq. Os últimos dias tiveram movimentos que se assemelham a um duelo de xadrez.
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Dono de 9,2% das ações da companhia, Musk enviou na última quinta-feira (14) uma proposta formal à SEC (Securities and Exchange Commission), órgão do governo norte-americano que regula esse tipo de negociação. No documento, ele propõe a aquisição de todos os papeis ao preço de US$ 54,20 por ação.
O movimento fez as ações oscilarem no dia. Fechando na cotação de US$ 45,08, depois de bater em US$ 50. No pre-market desta segunda-feira (18), os valores estão em alta, com a cotação em torno de US$ 46,50.
“Pílula de veneno”
A resposta do Twitter foi rápida: na sexta-feira (15), mesmo também sendo feriado nos Estados Unidos, a companhia anunciou um novo plano de direitos para acionistas que, na prática, praticamente impede que qualquer acionista da empresa aumente sua participação para além de 15%.
A ação é conhecida como “pílula de veneno” e visa proteger a empresa de ofertas como a de Musk. Segundo a Bloomberg, o xadrez entre os dois gigantes vem ganhando a adesão de novos “peões” em Wall Streel: Musk conta com assessoria do Morgan Stanley para realizar suas ofertas, enquanto o Twitter contratou o Goldman Sachs e o J. P. Morgan Chase para sua defesa.
Por enquanto, Musk com “ternura”
O bilionário, dono da montadora Tesla (TSLA34), entre outras empresas, vem manifestando frequentemente o interesse em se tornar dono da rede social, da qual é usuário frequente. Nos últimos dias, aliás, Musk usou seu perfil para ironizar uma análise sobre a empresa publicada pelo Goldman Sachs, usando um emoji “pensativo”, com as mãos no queixo.
No sábado, Musk apenas escreveu “Love me Tender” acompanhado do ícone de notas musicais. O que seria uma simples referência ao clássico imortalizado por Elvis Presley, no entanto, foi visto por analistas como a sinalização de uma “tender offer”.
Trata-se de um mecanismo pelo qual um comprador oferece um valor acima do mercado pelas ações, a fim de obter o controle de uma empresa. A oferta realizada na semana passada já traz valores considerados tentadores para pequenos acionistas, uma vez que a cotação do Twitter estava abaixo dos US$ 40 antes que Musk fizesse sua aquisição inicial, em março.
As dúvidas do Twitter
Os atuais acionistas já sinalizaram que discordam da forma como Musk pretende gerenciar a empresa. Ele foi convidado a entrar no Conselho de Administração, mas abriu mão. O temor, contudo, é que os movimentos do bilionário possam resultar em prejuízos à empresa.
Musk pode, por exemplo, acionar uma “proxy fight”, ou seja, convencer parte dos acionistas a lhe dar o controle da companhia a ponto de chegar a uma “hostile takeover”, ou aquisição hostil, que praticamente forçaria os demais acionistas a lhe vender seus papeis.
Outra opção, essa já sinalizada por Musk, é que ele simplesmente se desfaça de sua parte na empresa. Neste caso, o risco seria de desvalorização imediata e consequente queda no valor de mercado da empresa.
O fundador do Twitter, Jack Dorsey, que deixou o comando da empresa, mas ainda faz arte do conselho administrativo, usou a rede neste domingo (17) para, numa conversa, criticar a gestão de seus sucessores. “O conselho tem sido a disfunção da companhia”, disse. Agora, é aguardar as próximas jogadas diante desse bilionário tabuleiro.
Como investir em BDRs do Twitter
Enquanto a situação não se define, os investidores brasileiros podem também colocar seu dinheiro em empresas estrangeiras por meio dos Brazilian Depositary Receipts (BDRs), acessíveis desde outubro de 2020 a qualquer pessoa física. Quem adquire um BDR está, indiretamente, participando de uma empresa no exterior, e terá direito aos dividendos distribuídos pela companhia lá fora.
Funciona mais ou menos como um fundo de investimento. O investidor não vira o dono da ação, portanto não é sócio da empresa em questão. Para comercializar um BDR, a instituição emissora do papel adquire várias ações de empresas estrangeiras. Depois monta um “pacote” e vende partes dele aos investidores. Logo, esses títulos são como cotas.
Para adquirir BDRs, o investidor precisa procurar um banco ou uma corretora de valores autorizados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
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