O governo brasileiro reconheceu hoje que o surto do coronavírus pode afetar a expansão da economia do país neste ano. Em entrevista ao jornal O Globo, o secretário de política econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, admitiu esta possibilidade.
Ele enfatizou, contudo, que a equipe econômica mantém a projeção de um crescimento de 2,4% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2020.
A Projeção de 2,4% do governo já foi reduzida pelo mercado algumas vezes. Na pesquisa Focus divulgada hoje pelo Banco Central, o mercado reduziu a projeção do crescimento econômico brasileiro de 2,23% para 2,20% em 2020.
No final de janeiro, a projeção do mercado era a de que a economia brasileira cresceria 2,31% neste ano.
Embora tenham ocorrido reduções, o mercado pode alterar as projeções positivamente.
O secretário Sachsida disse que o governo monitora três áreas consideradas sensíveis: demanda global, menor oferta de insumos e preços das matérias-primas.
Comércio exterior
No caso da demanda global, o FMI reduziu no sábado passado a projeção de crescimento da economia mundial em 2020, em 0,1 ponto porcentual para 3,2%. O Fundo Monetário citou explicitamente o surto do coronavírus na China como o motivo.
A segunda frente monitorada se refere basicamente à importação pelo Brasil de componentes ou de produtos prontos da China. No total, 98% dos US$ 35 bilhões que o Brasil importa a cada ano da China são produtos manufaturados. A China é o maior parceiro comercial do Brasil.
A terceira área monitorada é a das matérias-primas, ou commodities. No ano passado, mais da metade das exportações brasileiras (52,8%), foram de commodities agrícolas como soja e milho.
As commodities representaram uma soma superior a US$ 100 bilhões. A China é a maior compradora tanto das commodities agrícolas como de outras matérias-primas como o minério de ferro.
Na nova projeção que fez no sábado passado para a economia mundial já abalada pelo coronavírus, o FMI reduziu a expectativa de crescimento para a China em 2020 de 6% para 5,6%.






