Na última terça-feira (6), a EQI Investimentos e a Avenue realizaram mais uma edição da live mensal “Cenário para investimentos internacionais”. O convidado foi William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, que trouxe uma análise aprofundada sobre o panorama macroeconômico global e suas implicações para os investimentos brasileiros no exterior.
Com uma abordagem didática e baseada em dados atualizados, William destacou os principais vetores de risco e oportunidade no cenário internacional, com ênfase na política monetária dos Estados Unidos e na guerra comercial imposta por Donald Trump.
Tarifaço e investimentos no exterior: juros altos por mais tempo?
Um dos pontos centrais da conversa foi a política de juros do Federal Reserve. William apontou que o mercado vinha precificando cortes de juros ainda para 2024, mas que esse cenário tem sido progressivamente adiado diante de dados de inflação ainda persistente nos EUA.
“O mercado que antes esperava seis cortes neste ano, agora vem ‘flertando’ com a possibilidade de quatro cortes de juros”, explicou, enfatizando que a manutenção das taxas entre 4,25% e 4,50% deve seguir por meses ainda, seguindo tal projeção.
Segundo o estrategista, a inflação americana tem mostrado resistência, especialmente nos setores de serviços, o que limita a margem de manobra do Fed.
Para o investidor, isso significa boas oportunidades em renda fixa de curto prazo, com retornos reais positivos. “É uma renda fixa americana que volta a fazer sentido”, disse William.
Valuation das bolsas e cautela com ações americanas
William também alertou sobre os riscos de valuation nos mercados acionários. O S&P 500, segundo ele, continua próximo das máximas, mas impulsionado por poucas empresas — principalmente do setor de tecnologia. “O múltiplo está alto e o mercado está concentrado”, pontuou.
Ele destacou que isso exige do investidor uma postura seletiva: “Não é para não investir, mas é preciso saber onde está investindo. A gente ainda gosta de ativos com viés mais defensivo.”
Tarifaço: de volta ao mesmo ponto de 30 dias atrás
Sobre a imposição de tarifas sobre produtos importados nos Estados Unidos, Castro Alves avalia que houve um forte impacto no mercado, mas que já foi absorvido.
“No frigir dos ovos, em 30 dias, a gente está praticamente no mesmo lugar, né? Se eu tivesse dito, há um mês, ‘olha, fiquem tranquilos, isso de tarifa não vai dar em nada’, iam me chamar de maluco. O compliance iria me chamar, como assim o mundo enlouquecido e eu dizendo que não é nada. Mas foi exatamente o que aconteceu. Passaram-se 30 dias, praticamente tudo voltou para onde estava. E nada foi resolvido”, resume Castro Alves.
Tarifaço e investimentos no exterior: Brasil e diversificação internacional
O estrategista também comentou o cenário doméstico e reforçou a importância de diversificar internacionalmente.
“O investidor brasileiro muitas vezes não percebe o risco de estar 100% exposto a um só país”, disse. Ele defendeu a ideia de montar carteiras que combinem ativos no Brasil e no exterior, aproveitando oportunidades e protegendo o portfólio contra choques locais e internacionais.
“A diversificação é a melhor ferramenta que o investidor tem para lidar com incerteza. E o cenário está cheio delas.”
A próxima edição da live “Cenário para investimentos internacionais” está prevista para junho e será novamente transmitida pelo canal da EQI Research no Youtube.