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Siderurgia favorecida pela alta do minério de ferro: o que acontece com a commodity?

Siderurgia favorecida pela alta do minério de ferro: o que acontece com a commodity?

Uma importante indústria presente nos países atualmente em conflito é a siderurgia. Tanto como exportadores de matéria-prima quanto de produtos acabados, Rússia e Ucrânia são importantes nações nesse segmento.

Acompanhe o artigo a seguir e saiba como essa cadeia produtiva está sendo afetada pela guerra.

Confira!

Como a guerra está afetando o preço das commodities?

Infelizmente, novamente dois países se vêm envolvidos em um conflito armado. Dessa fez foi a Rússia que declarou guerra ao país vizinho.

No último dia 24 de fevereiro, vimos uma cena que certamente não gostaríamos de presenciar. Tropas russas adentraram o território ucraniano e os bombardeios começaram.

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A despeito desse ser um fato abominável, os aspectos econômicos tiveram presença imediata sobre o conflito. Provavelmente nem mesmo o chefe de estado russo esperava esse tipo de reação da comunidade internacional.

Diversas sanções econômicas foram impostas e muitas empresas internacionais abandonaram o país. Ainda há de se fazer a conta do prejuízo, mas certamente muitos empregos estão sendo perdidos na Rússia.

Para piorar ainda mais o cenário, a produção de grandes itens de exportação dos dois países acaba sendo afetada. Estamos falando das commodities, que com a redução de sua oferta, acaba tendo o preço aumentado.

Petróleo, trigo, minério de ferro e aço bruto são alguns dos itens de grande participação dos dois países em guerra no cenário internacional.

Para se ter ideia, a Rússia lidera o ranking das exportações líquidas de aço, com 30 milhões de toneladas. Já a Ucrânia ocupa a quarta posição, com 14 milhões de toneladas. Os dados são da Worldsteel.

Com a interrupção de uma importante cadeia de fornecimento como essa, os preços só tendem a disparar. E de fato, é isso que tem ocorrido, com as cotações desses ativos alcançando níveis cada vez mais altos.

Quais são as commodities de siderurgia mais inflacionadas no momento?

Veja a seguir o impacto da guerra nos principais produtos commoditizados pertencentes à cadeia de produção da siderurgia.

Carvão metalúrgico

De todas as commodities na verdade (e não somente do setor de siderurgia), o carvão foi o que apresentou a maior alta de todos.

Em algumas bolsas, houve valorização de mais de 300%, a depender do tipo de carvão comercializado.

No caso do material que serve de combustível para o setor metalúrgico, a alta foi de 60% em apenas poucos dias. O preço da tonelada passou de US$ 250 para US$ 400.

Esse tipo de avanço em insumos essenciais na cadeia de produção encarecem ainda mais os custos dos materiais acabados. Tudo que possui aço em sua composição sente o reflexo desse tipo de movimento de preços.

Minério de ferro

Como não poderia deixar de ser, a matéria-prima principal de todo esse processo também sofre elevação de preços.

Para entender esse ponto de vista, basta pensar no quesito importação ou exportação líquida. Para chegar a um determinado valor, é preciso considerar a quantidade comprada e vendida por cada país.

Assim, ao mesmo tempo que Rússia e Ucrânia têm forte representatividade no setor metalúrgico, deve-se analisar a quantidade de minério de ferro produzida pelos dois países e aquela consumida no processo de fabricação de aço.

Infelizmente o produto também foi atingido e sua cotação já experimenta alta de mais de 60% nas bolsas de todo o planeta.

Quais são os principais materiais exportados pela Rússia e Ucrânia no campo da siderurgia?

Veja a seguir os principais produtos da cadeia exportados pelos países. Confira!

Placas de aço

Tanto Rússia quanto Ucrânia são dois “players” muito fortes do mercado de placas de aço. Trata-se de um material com semi acabamento e que serve para fabricar outros produtos de maior beneficiamento na cadeia do aço.

Com o conflito armado entre os países, a demanda tende a diminuir e já é possível sentir os efeitos dessa redução nos portos brasileiros.

O preço do material colocado em portos do Brasil já saltava de US$ 740 para US$ 780 em pouco tempo. E não há indicação de que o preço regredirá no curto ou médio prazo, pelo contrário.

Bobina de aço

A bobina de aço é um dos produtos conseguido por meio do beneficiamento das chapas de aço e também já enfrenta alta em suas cotações.

O custo da tonelada posta no Brasil vindas da China, por exemplo, aumentaram 10%. Passaram de US$ 800 cada tonelada para US$ 880.

Pelotas para alto-forno

Por fim, temos um produto acabado de alto valor agregado. Trata-se das pelotas consumidas em alto-fornos de siderurgia.

A China e Europa são os dois grandes mercados consumidores desse produto partindo da Rússia e Ucrânia.

Quais são as expectativas para a economia e para as empresas brasileiras do setor siderúrgico?

Essa é uma questão que requer uma análise mais detalhada, pois é como se fosse uma faca de dois gumes.

Por um lado, vemos uma entrada maior de capital estrangeiro por conta do aumento no valor das commodities. Quer seja pela compra de produtos (que são vendidos em dólar), quer seja por investimentos nas companhias. Dentre as principais empresas favorecidas pela alta demanda da commodity podemos citar Arcelor Mittal, Usiminas, CSN, Gerdau, Parapanema, CBA, V&M, Alcoa, Votorantim, Novelis e Tupy.

No entanto, existe o fato inegável do aumento do custo de fabricação e comercialização dos produtos acabados que levam uma commodity como matéria-prima.

Em outras palavras, o custo do produto final acaba sendo encarecido e isso reflete em um aumento da inflação. Em síntese, esse cenário é ruim para a maioria das pessoas, pois o consumo depende desses produtos.

Ainda que não haja aquisição direta de bens (o que ocorre, por exemplo, na compra de uma geladeira), os produtos são afetados indiretamente pela elevação no preço de commodities relacionadas a transporte. É o caso do petróleo, por exemplo.

Já quando consideramos o ponto de vista do investidor, é possível ter ganhos consideráveis ao investir em empresas que trabalham com esses produtos.

E isso é aplicável tanto no cenário nacional quanto ao investir no exterior. Como estratégia de diversificação, essa é uma atitude muito interessante, pois dolariza parte do patrimônio.

Enfim, não é possível prever com precisão o que acontecerá e tudo depende da duração do conflito no leste europeu. Se de um lado as empresas brasileiras faturam mais com o aumento no preço de commodities, do outro a população pode sofrer com a elevação da inflação.