Em 2021, a disparada da inflação, alta dos juros e turbulências no cenário político foram alguns dos fatores que causaram turbulências no mercado financeiro brasileiro. No entanto, nem tudo foram momentos difíceis. Nesse contexto de alta volatilidade, também surgiram novidades interessantes para o investidor, e isso inclui a categoria de fundos de investimento.
Continue a leitura, e conheça alguns tipos de fundos de investimento com bom potencial de ganhos em 2022, na opinião de especialistas.
Fundos de investimento para 2022: qual escolher?
Para responder a essa pergunta, é preciso ter uma visão geral de quais as perspectivas para os diferentes ativos financeiros em 2022. Isso porque existem diversas modalidades de fundos de investimentos, dos mais conservadores aos mais arrojados. Logo, o desempenho desses fundos dependerá dos ativos financeiros que compõem o seu patrimônio.
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A seguir, veja quais as perspectivas para algumas das principais categorias de fundos de investimentos para 2022.
Fundos multimercado
De acordo com levantamento feito pela Economática, no acumulado de 2021 até novembro, o retorno médio dos fundos de investimento foi de apenas 0,67%. O desempenho é bem inferior ao de 2022, quando no mesmo período a rentabilidade média tinha sido de 5,1%.
Em entrevista ao E-Investidor, Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos, afirma que a preocupação atual dos gestores é como ter ganhos em meio a um cenário adverso. “Quando começou a derrocada fiscal e todo o imbróglio da PEC dos precatórios, já sabíamos que os multimercados seriam pressionados. É difícil recompor essas posições e ajustar o seu tamanho para as alocações que seriam necessárias para proteção do fundo. Essa movimentação não é trivial, além de se ter resgates todos os dias”, disse Franchini.
No entanto, apesar das atuais adversidades, há quem veja boas perspectivas para os multimercados em 2022. Segundo Elias Wiggers, assessor da EQI Investimentos, um dos pontos positivos desses fundos é justamente a diversificação que proporcionam à carteira. Isso porque os recursos dos fundos multimercado são alocados em diversos tipos de ativos, o que ajuda no equilíbrio do portfólio do investidor.
Em outras palavras, esses fundos são bastante versáteis, pois podem ter o patrimônio alocado tanto em ativos mais conservadores quanto mais arrojados. A distribuição dos recursos dependerá da estratégia do gestor.
“Só por esse motivo, já daria para entender que os fundos multimercado fazem sentido até mesmo nesse cenário de alta de juros. Isso porque, se ele for mais focado em renda fixa e com papéis atrelados à inflação, certamente estará performando bem nesse momento”, afirma o assessor.
Fundos de ações
Já os fundos de ações exigirão mais cautela para escolha em 2022. Devido ao ano eleitoral, é esperada muita volatilidade para todo o mercado de renda variável.
De acordo com Wiggers, 2022 promete boas oportunidades na bolsa, pois há muitos ativos descontados. No entanto, é preciso muita cautela, pois as chances de perdas também serão grandes. “A bolsa brasileira está indiscutivelmente barata. Isso porque as empresas estão vendendo, lucrando, tudo está funcionando, mas nada disso está refletido no preço de suas ações. Os múltiplos dos ativos negociados na bolsa estão bastante descontados. Mas não significa que o preço justo será refletido necessariamente em 2022. Em suma, há boas oportunidades na bolsa, mas é preciso cautela na escolha dos ativos, pois a recuperação passa, necessariamente, por alguma estabilidade no cenário político e macroeconômico.”
O assessor também destaca o potencial dos fundos long biased para 2022. Isso porque esses fundos podem proteger o patrimônio com posições vendidas em ações ou índices.
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Fundos de investimento de renda fixa
Com a alta dos juros, o que se viu em 2021 foi uma forte migração de investidores da bolsa para a renda fixa. De um lado, a Selic disparou de 2% no início do ano para 9,25% em dezembro, alcançando o maior patamar desde outubro de 2017. Em contrapartida, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira acumulou queda de mais de 11% até 20 de dezembro.
Dados recentes da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) comprovam a nova tendência do mercado. Até novembro, os fundos de ações registraram R$ 426,4 milhões de resgates líquidos no ano. Por outro lado, a captação líquida dos fundos de renda fixa foi de R$ 275,2 bilhões no mesmo período.
Segundo especialistas, a migração para a renda fixa ainda não acabou. No entanto, em 2022, a expectativa é de que esse movimento continue com menor intensidade. À medida que se perceba até onde chegarão os juros e qual a política econômica do novo governo, a fuga da renda variável tende a arrefecer.
Em entrevista ao Valor Investe, Paulo Bokel, da ARX Investimentos, disse acreditar que boa parte dessa migração já aconteceu. “Não acho que os investidores vão vender todas as posições de ações. Isso porque é preciso ter uma carteira diversificada em 2022, que rende a ser um ano volátil. Todo mundo errou achando que 2021 seria um ano mais calmo, mas não foi”, lembra Bokel.
Renda fixa pré ou pós-fixada?
Para Wiggers, os juros deverão permanecer altos em 2022, justamente porque o governo está buscando desancorar as expectativas de inflação. “Enquanto as variáveis que puxam a inflação perdurarem, os juros continuarão altos. Nesse sentido, a expectativa do mercado é de que ele permaneça na casa de 9% a 11% ao longo de 2022, para depois começar a baixar de novo a partir de 2023. Até lá, haverá muitas oportunidades boas em renda fixa”, avalia o assessor de investimentos da EQI.
Apesar de a Selic ainda estar em alta (o que beneficia os fundos de investimento com títulos pós-fixados), Wiggers sugere que se invista também em fundos com papéis prefixados. “É bom prefixar nesse momento, pois os juros não ficarão tão altos por muito tempo. É claro que tudo dependerá da política econômica do novo governo, mas, em termos de macroeconomia, juros altos nunca são competitivos. Isso porque nenhum país cresce com juros altos, logo, a tendência natural é de que a Selic caia com o tempo.
Fundos cambiais
A instabilidade econômica e política brasileira de 2021 fez com que o dólar oscilasse fortemente durante o ano. Inclusive, muitas instituições financeiras e casas de análise revisaram para cima suas projeções para 2022, com a moeda sendo cotada de R$ 5,60 a R$ 6,10 para o próximo ano.
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A volatilidade do cenário nacional torna ainda mais importante a diversificação dos investimentos em ativos estrangeiros. Nesse sentido, os fundos cambiais são uma forma fácil e democrática de investir em dólar.
Em entrevista ao Money Times, Mauro Orefice, diretor de investimentos da BS2 Asset, reitera a importância de adotar alguma exposição cambial, como forma de atenuar o risco-país dos investimentos. Para o executivo, fundos de investimento que investem em ações no exterior também cumprem esse papel, e aconselha exposição em torno de 30% em dólar.
Para saber mais sobre como funcionam os diferentes tipos de fundos de investimento, confira abaixo as orientações dos especialistas da EQI Investimentos!