Os gigantes do varejo GPA (PCAR3) e Carrefour (CRFB3) investiram pesado no e-commerce durante a pandemia do novo coronavírus.
Estes investimentos já resultaram em expressivos aumentos nas vendas online, com destaque para o segmento alimentar.
Entretanto, as baixas margens do setor de alimentos, assim como o e-commerce, podem ser o problema.
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O Carrefour registrou um crescimento do e-commerce no segundo trimestre equivalente a 3 anos.
Assim, o valor bruto de mercadorias (GMV, na sigla em inglês) do Carrefour disparou 377% e não alimentar 65%.
Já o GPA reforçou que a estratégia multicanal, multiformato e multirregião mais uma vez se mostrou assertiva, com rápida adaptabilidade e forte aderência frente às demandas e novas condições de consumo, que inclusive se reflete na crescente evolução das vendas online.
As vendas no segmento alimentar no segundo trimestre cresceram aproximadamente 20% nas vendas totais e 12,8% nas ‘’mesmas lojas’’.
Mudança de hábitos
Com o Covid-19, as compras online de supermercados estão ainda mais em alta, destacou o BTG em relatório a clientes.
O presidente do GPA, Peter Estermann, disse na quinta-feira (30) que os hábitos dos consumidores mudaram e passaram a incluir carne, fruta e legumes no e-commerce.
Segundo ele, comprar pela internet virou uma rotina, não mais uma compra de ocasião.
“E o mais importante, agora a cesta é completa. Compra-se carne, fruta, legumes e bebidas, isso tudo, hoje online”, afirmou durante teleconferência com analistas.
“Trata-se de um novo olhar, um novo modo de pensar, um novo modo de viver, especialmente de consumir”, acrescentou.
O GPA ganhou novos usuários, a recompra aumentou e o tíquete médio também aumentou, ressaltou o CEO.
Em relatório assinado pelos analistas Daniela Bretthauer e Eric Huang, a Eleven escreveu que o Grupo Carrefour Brasil e o GPA foram beneficiados pelo efeito da pandemia em suas vendas.

E-commerce avança nos supermercados. Crédito: infovarejo.com.br
GPA vs Carrefour
O crescimento de vendas mesmas lojas do GPA foi maior que o do Carrefour (10% vs 8,6%).
No entanto, o desempenho do Carrefour no multivarejo foi bem mais forte (30% vs 16%).
Conforme a Eleven, o resultado sugere que o Carrefour ganhou mais fatia de mercado no segmento de hipermercado no segundo trimestre do que o GPA.
- Leia mais: balanço do GPA
Enquanto os esforços do Carrefour no segmento digital foram marcados por lançamentos e fechamentos de seu canal de e-commerce, o GPA avançava e liderava as iniciativas do segmento em direção a uma estratégia multicanal.
O ponto alto nesse segmento, de acordo com a Eleven, foi o bom controle das despesas operacionais do GPA, com redução de 20,5% na comparação anual no segundo trimestre de 2019 para 18,8% da Receita Operacional Líquida (ROL).
A Eleven destaca que, mesmo diante da pandemia, a marca Assaí segue firme com os planos de expansão.
No quesito lucro líquido, o Carrefour apresentou forte expansão (+74,9%), enquanto o GPA viu o lucro recuar (-20%).
- Leia mais: balanço do Carrefour
Já em relação ao Ebtida, o GPA saiu na frente com um crescimento de 83,2% vs 27,5% do Carrefour.
Enquanto, a receita líquida do Carrefour teve um incremento de 14,7%, a receita do GPA disparou 58,7%.
Ambas empresas atribuíram os resultados a melhoria operacional e a assertividade das estratégias adotadas.
Segundo o Banco BTG Pactual tem uma perspectiva resiliente para os varejistas de alimentos em 2020, com maior visibilidade dos ganhos em relação a segmentos mais discricionários e aumento da inflação alimentar no Brasil.
Margens baixas podem ser um problema
Conforme o BTG, o aumento das vendas online pode trazer problemas aos supermercados.
Isso porque os supermercados já trabalham com margens baixas e os custos foram agravados pelas estratégias de preços para serviços online, muitas vezes envolvendo o uso em massa de cupons promocionais e entrega gratuita para atrair clientes.
Com as compras online de supermercado, essas margens são ainda menores à medida que os supermercados assumem tarefas como escolher e transportar itens – embora geralmente não cobrando pelo trabalho extra.
Para o BTG, os varejistas podem se defender dessa ameaça otimizando sua rede omnichannel, removendo subsídios de canais insustentáveis e diversificando fluxos de receita.
De acordo com o BTG, os players tradicionais devem continuar explorando sua base de lojas e programas de fidelidade para aumentar a penetração on-line, embora o aumento dos custos de aquisição de clientes e a necessidade de uma rede logística nacional expressa possam retardar o crescimento (e a rentabilidade) mais rápido.
Recomendações
A Eleven não tem recomendação para a ação do GPA, nem preço alvo.
Já para o BTG Pactual, que tem recomendação de compra para as ações do GPA, com preço alvo de R$ 99, avaliou que a empresa trouxe um conjunto de números que mostram resiliência, o que corrobora a visão positiva para PCAR3.
O banco acha que a empresa se beneficiou do aumento do tráfego nas lojas devido a maiores gastos com alimentos durante a pandemia.
PCAR3 versus Ibov seis meses

GPA bolsa: Fonte: Tradingview
CRFB3 versus Ibov seis meses

Carrefour na bolsa: fonte Tradingview
Enquanto isso, o papel do Carrefour apesar do aumento expressivo do lucro no trimestre tem recomendação neutra por BTG.
Mas a Eleven havia recomendado a compra da ação, com preço-alvo de R$ 22,00.
Isso por causa do expressivo aumento no volume de vendas e no tíquete médio, além da contribuição positiva do e-commerce.
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