As ações da Natura (NTCO3) contam com forte valorização no Ibovespa, nesta quarta-feira 09). Os papéis já registraram um ganho acima de 16%, motivado pela expectativa da publicação do seu resultado financeiro, que deve sair após o fechamento do pregão da bolsa.
De acordo com a Refinitiv, a empresa de cosméticos deverá registrar no balanço do 4TRI21 um lucro líquido de R$ 161 milhões. No mesmo intervalo de 2020, o lucro da empresa foi de R$ 175,70 milhões.
Para a receita líquida, a projeção para o 4º trimestre é de R$ 11,520 bilhões, o que representaria também uma retração frente à receita de R$ 11,997 bilhões do 4TRI20. O Ebitda também deve desacelerar, com a Revinitiv projetando um resultado de R$ 1,175 bilhão, ante R$ 1,254 bilhão.
A empresa deve sofrer pressão de custos por conta da inflação dos preços das matérias-primas e desaceleração de vendas por onda da variante ômicron do coronavírus.
Durante 40 dias, a Natura foi um dos principais papéis em destaque na B3 (B3SA3) em 2022. Inclusive, o ativo da empresas de cosméticos atingiu marca de 25% de valorização nos dois primeiros meses do ano. Entretanto, após a invasão russa, a companhia entrou em uma tendência de baixa que fez perder todos os ganhos de 2022 e até entrar numa zona de prejuízo.
Mas, será que forte alta de hoje é um indicativo para investir na Natura? Apesar desse ambiente, os analistas ainda estão bem divididos sobre a companhia e recomendam bastante cautela para os investidores.
Neste artigo, vamos apresentar uma série de informações para você, investidor, avaliar se vale a pena investir na Natura.
Histórico recente sobre o desempenho da Natura na Bolsa
A Natura é uma empresa brasileira que atua com produtos de beleza e de higiene. Ela está listada na bolsa de valores brasileira desde maio de 2004, portanto há quase 18 anos no mercado acionário.
Com uma história tão rica no Ibovespa, vamos focar apenas em seu histórico mais recente, que é o que importa. A Natura começou a ganhar destaque no final de 2018, quando a companhia iniciou um movimento de forte valorização que terminou com a pandemia de covid-19 em fevereiro de 2020.
Este período começou com os papéis cotados a R$ 14,00 e encerraram com um valor de R$ 51,00, uma valorização de 264% em 18 meses. Um desempenho espetacular para qualquer empresa.
Assim como a maioria das ações da B3, com a chegada da pandemia, os papéis apresentaram forte desvalorização, em que recuaram de R$ 51,00 para a casa dos R$ 23,00.
Felizmente, para os investidores da Natura na época, a empresa de cosméticos se recuperou em uma velocidade incrível. Ainda no segundo semestre de 2020, ela já voltou ao patamar pré-pandemia.
Em julho de 2021, a dona da Body Shop e Avon atingiu o seu auge de valorização, com o papel cotado a R$ 60.
Entretanto, o fraco desempenho do Ibovespa no segundo semestre do ano passado, provocado pela desaceleração econômica e aumento das taxas de juros e inflação, prejudicaram o desempenho da Natura. Dos R$ 60,00, as ações fecharam o ano de 2021 cotados a R$ 25,00, uma desvalorização de quase 60%.

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Fevereiro com bons desempenhos
O mês de janeiro foi fraco para a Natura com a manutenção da tendência de queda desde julho do ano passado. Contudo, fevereiro tem se mostrado o mês da virada para gigante dos produtos de beleza e higiene. As ações já valorizaram mais de 20% e podem melhorar ainda mais. Ela ficou entre as maiores altas em alguns dias deste mês.
De acordo com analistas do mercado financeiro, a valorização intensa da Natura é resultado da entrada de capital estrangeiro na bolsa, que costuma investir na companhia em virtude da sua pegada ESG e liquidez.
O assessor de mesa Bovespa da EQI Investimentos, Greco Montagna, também destaca que a Natura é uma empresa que tem bastante engajamento ambiental e social.
Essa característica chama a atenção do investidor estrangeiro, que enxerga na companhia uma oportunidade de ter ganhos devido ao seu posicionamento ativo em diversas questões sociais e no meio-ambiente.
Com a forte desvalorização dos papéis, os analistas argumentam que ele pode estar bastante descontado. Desta forma, é um excelente ponto de entrada de investimento na Natura.
“Agora que a poeira baixou, a gente pode estar vendo um fundo ou alguém que tenha esse tipo de demanda para inserir a Natura em seu portfólio de ações”, afirma Montagna.
Questão macroeconômica ainda é um desafio
Apesar do recente otimismo nos papéis da Natura, a questão macroeconômica é o principal empecilho para a empresa decolar. Com os juros mais altos, que deixa o crédito mais caro, e inflação na casa dos dois dígitos, que prejudica o bolso do consumidor, o setor de varejo é o que mais sofre na bolsa.
A Magazine Luiza (MGLU3), uma das queridinhas da bolsa até meados de 2021, sofreu uma desvalorização de mais de 70% no segundo semestre do ano passado. Fenômeno semelhante ao que aconteceu com a Natura.
“Teve um sell-off muito grande na empresa, ela perdeu cerca de 60% no valor de mercado. Ainda teve aquele movimento de aversão para as empresas do setor de varejo devido a alta dos juros e inflação”, explica o assessor da EQI Investimentos.
Pelo menos há uma luz no final do túnel. Recentemente, a Natura contou com uma valorização de quase 9% em um único dia, em fevereiro. O desempenho foi impulsionado pelo desempenho do varejo em dezembro, que apesar de estável, veio acima da expectativa.
Com isso, a Natura é uma empresa que depende do cenário macroeconômico para decolar. Ela apresenta bons resultados operacionais, apesar do último balanço ter apresentado queda de 28% nos lucros, e já tem experiência recente de crescer muito na bolsa de valores. Mas, ainda é preciso ter certa cautela para investir na dona da Avon.
A divulgação dos resultados do 4º trimestre está agendada para o dia 09 de março. Os dados apresentados pela companhia devem ser um guia para você, investidor, avaliar se vale a pena ou não investir na Natura.