O vice-presidente da República Hamilton Mourão admitiu nesta quinta-feira (27) que o acordo entre o Mercosul e a União Europeia está enfrentando dificuldade. “Começa a fazer água”, disse.
Não é um sentimento isolado.
A premier alemã Angela Merkel mostrou semana passada que está preocupada com o acordo.
De acordo com a chanceler, a ameaça ecológica constante à floresta amazônica é o motivo de maior temor em relação ao futuro do acordo comercial.
“Temos sérias dúvidas de que o acordo possa ser aplicado conforme planejado, quando vemos a situação” na Amazônia, afirmou o porta-voz da chanceler, Stephan Seibert.
Mourão disse que há um “ruído” na comunicação e defendeu uma negociação permanente com os países que fazem parte dos dois blocos.
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Negócios em um planeta morto
O mundo tem apontado suas atenções para o que o governo brasileiro tem feito com relação à Amazônia há muito tempo.
A Natura (NTCO3) já foi a público dar seu pocisionamento.
“Para a Natura, o crescimento financeiro e a sustentabilidade andam de mãos dadas, e a remuneração dos executivos tem sido parcialmente baseada em metas verdes”, disse o CEO da Natura, Roberto Marques.
“Não podemos dirigir um negócio em um planeta morto… Não há outra opção para empresas e líderes”, disse Marques.
Exportações paradas
Mourão citou o acordo Mercosul-UE logo após comentar problemas relacionados à Argentina.
“Estamos com um problema nas licenças de exportação”, disse.
“Estamos com US$ 100 milhões de veículos parados aguardando a liberação da licença não automática”, referindo-se ao país vizinho.
Segundo Mourão, isso pode atrapalhar o “grande esforço” feito para assinar o acordo com a União Europeia.
“Esse problemas se apresentam nesse momento em que o grande esforço que foi feito no ano passado da articulação desse acordo Mercosul-União Europeia parece que começa a fazer água”, disse.
“Então, realmente, nós temos que ter uma equipe aqui em condições de estar negociando permanentemente, não só com nossos parceiros do Mercosul, bem como com a União Europeia”, seguiu.
Mourão culpa o emissor
Esse foi uma das primeiras bandeiras do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), depois de assumir o cargo.
O acordo Mercosul e União Europeia foi assinado no ano passado, após 20 anos de negociações.
O governo propagandeou como um mérito seu, sem de fato estar consumado.
Porém, para entrar em vigor, o acordo precisa de aval dos países do bloco.
Países como Irlanda, França e Holanda já se pronunciaram contra.
A preocupação é justamente a Amazônia.
Segundo Mourão, “o que se publica na imprensa no Brasil é algo totalmente diferente do que está acontecendo na realidade”.
A tática do governo é culpar o emissor, não a notícia.
Alemanha
“Em relação à Alemanha, que é o motor desse acordo, o motor da União Europeia, nós temos tido um relacionamento muito bom e estamos mantendo isso aí”, afirmou o vice-presidente.
Mourão cuida do Conselho da Amazônia Legal.
“Eu não tenho acompanhado, até pela questão do Conselho da Amazônia Legal, que me toma muito tempo”, disse.
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