O ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, tentou esclarecer aos jornalistas o seu depoimento à PGR e à Polícia Federal após o presidente Jair Bolsonaro ter dito que ele havia “se equivocado”.
Em entrevista para o Estadão Conteúdo, Ramos reafirmou que, ao contrário do que Bolsonaro vem dizendo, a Polícia Federal foi citada na reunião ministerial do dia 22 de abril, mas “em contexto diferente” do que o ex-ministro Sérgio Moro afirmou em seu denúncia.
De acordo com Luiz Eduardo Ramos, o presidente da República não ameaçou Sérgio Moro de demissão ou se referiu à troca de comando da PF quando afirmou, na reunião ministerial, que poderia trocar a chefia do Rio de Janeiro.
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“Ele usou como exemplo: ‘Lá no Rio de Janeiro a minha segurança pessoal, que é do Gabinete de Segurança Institucional, se eu quisesse trocar o chefe eu trocaria. Se não resolvesse eu trocaria o ministro’. E o ministro é o general Heleno”, disse Ramos.
Induzido ao erro
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Ramos ainda afirmou que o presidente Jair Bolsonaro foi “induzido ao erro” pelos jornalistas quando questionado sobre seu depoimento e que, por isso, teria dito que ele, Luiz Eduardo Ramos, havia “se equivocado”.
O ministro argumentou que mencionou a PF quando falava da cobrança do presidente sobre relatórios de inteligência de todos os órgãos do Sistema Brasileiro de Inteligência, que inclui a Polícia Federal, a Abin, as Forças Armadas e outros ministérios, como a Advocacia-Geral da União.
“A pergunta induziu ele ao erro. Eu falo de Polícia Federal na hora que ele está reclamando dos relatórios de inteligência da Abin, das Forças Armadas e da Polícia Federal. Está no meu depoimento”, disse o ministro.
“Ele entendeu na pergunta que eu tinha falado de Polícia Federal na hora que falou de substituição. Não é verdade”, complementou.
Retificações
De acordo com o Uol, o depoimento de Luiz Eduardo Ramos durou aproximadamente cinco horas e, no final dele, ao reler suas declarações, o ministro pediu duas retificações, ambas em pontos nos quais citava mudanças na Polícia Federal.
O ministro afirmou, em sua primeira versão, que o presidente não mencionou a vontade de trocar o comando da PF na reunião ministerial do dia 22 de abril e em qualquer outro momento. Depois, ao ler o depoimento ao final, o ministro pediu para substituir o tom assertivo pela informação de que não se lembrava.
O ministro admitiu que a alteração ocorreu por recomendação de seu advogado, uma vez que não tinha certeza absoluta de que a substituição da PF havia sido mencionada.
“Foram cinco horas de depoimento. Acaba o depoimento, eles imprimem para eu ler e li junto com o advogado. O advogado falou assim: ‘Ministro, essa expressão que senhor colocou aqui é com certeza?’ Eu tinha botado ‘não foi mencionado’. Para mim, não foi mencionado. E o advogado perguntou: o senhor tem 1000% (de certeza)? Eu disse que não. E ele falou: ‘Então, em vez de não mencionado o senhor vai (colocar) ‘não se lembra’”, concluiu.
Bolsonaro reafirma que não falou em PF: “Vão cair do cavalo”
Em coletiva realizada na manha desta quarta-feira (13), em frente ao Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro conversou com a imprensa e afirmou que não cita a PF no vídeo.
“Tudo que trata do inquérito está liberado (para divulgação). Eu não falo da Polícia Federal no vídeo. Vão cair do cavalo’, declarou Bolsonaro.
“São mentiras, eu não falo nada. O Valeixo (ex-diretor da PF) disse que eu não houve interferência.”
Ao criticar o ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, Bolsonaro afirmou que Moro também não confirma que ele teria citado a PF.
“O Moro disse que eu ‘teria falado’ da PF. Por que ele não afirmou que eu falei?”, questionou o presidente.