A Infracommerce (IFCM3) busca levantar capital, a fim de reforçar o seu caixa, quase um ano após a estreia na bolsa de valores, segundo o Valor desta sexta-feira (22). Para isso, a empresa, ligada ao ramo de comércio eletrônico, está há três semanas em contato com instituições financeiras, fundos, “family offices” e investidores para avaliar a demanda no mercado privado.
De acordo com o jornal, a companhia pretendia, em um primeiro momento, oferecer uma operação de dívida estrutural, com a possibilidade de incluir uma combinação de ativos variados. Entre eles, debêntures conversíveis em papéis da empresa no futuro.
Visando isso, a Infracommerce procurou as gestoras CVC, General Atlantic (GA) e Warburg Pincus. No entanto, as negociações não progrediram, de acordo com pessoas ligadas ao assunto, informa o Valor.
A publicação revela ainda que uma instituição financeira e outros dois fundos afirmaram que o interesse tem sido pequeno. Questionada sobre a questão, a Infracommerce não quis se manifestar.
Negociações
Segundo o Valor, uma fonte, sondada pela Infracommerce, revelou que ouviu da empresa que a discussão tem avançado. Entretanto, a companhia não obteve a adesão de debênture que desejava.
Nisso, considera alternativas, bem como títulos de dívidas, dentro daquilo que consegue angariar. O objetivo seria captar R$ 700,00 milhões numa cesta completa. Caso não tenha espaço para isso, a empresa aceita uma quantidade menor.
O jornal apurou que o Itaú BBA e o Goldman Sachs estão em contato com instituições financeiras e fundos a fim de compreender o apetite dos credores, de modo que a estrutura proposta entrasse como compromisso, sem dissolvência dos acionistas, mas com uma conversão a um valor maior lá na frente. De acordo com o Valor, a informação que chega ao mercado é que esses recursos são para investimentos.
Ações da Infracommerce (IFCM3) tiveram recuo desde abertura de capital
Os papéis da Infracommerce, da mesma forma que as ações das empresas que lançaram IPO em 2021, apresentam forte recuo desde sua abertura de capital. A partir da operação, a companhia viu seus ativos caírem 48,6% e, no acumulado do ano, 53%.
Essa queda se intensificou depois das polêmicas envolvendo um programa de opção de ações (medida defendida como um instrumento de retenção), que fez com que a companhia perdesse 25% do seu valor de mercado.
Duas semanas atrás, a Infracommerce divulgou a ata da reunião do conselho de administração citando o encerramento de contrato de empréstimo externo, firmado em euros com o Banco do Brasil. Convertido em reais, o valor dessa concessão é de R$ 75 milhões.
Além disso, o documento mostra que foram mais de R$ 250 milhões na sua primeira emissão de debêntures, para reforçar o caixa, no mês de novembro.
Essa quantia foi incluída no saldo de caixa de R$ 210 milhões ao final do ano passado. O valor era de R$ 58 milhões de dívida líquida no mesmo período (dez vezes superior um ano atrás) para um Ebitda de R$ 17 milhões em 2021, o que representa um decréscimo de 15%.
Segundo o Valor, dentro dessa configuração em discussão existe a possibilidade de participação direta de Pedro Jereissati (presidente do conselho). Ele poderia injetar uma quantia de R$ 200 milhões a R$ 300 milhões, dependendo da demanda pelos ativos, conforme indica o jornal.
Uma fonte relata ao jornal que o grupo conta com linhas disponíveis junto a instituições bancárias, além de opções de crédito, e destaca que as investigações, referentes a eventuais emissões, integram a rotina para medir o clima do mercado.
Essa fonte enfatiza também que observa boa abertura nas conversas com os fundos e, mesmo que elas não avancem, a companhia pode desacelerar alguns projetos e superar a operação sem acessar novas linhas.
Ela cita também que há a estimativa de progresso de índices neste ano, como a projeção já anunciada de Ebitda ajustado de R$ 80 milhões a R$ 100 milhões em 2022. Pesa nessa linha a expectativa de lucro em receita e nova solvência em custos depois de integrar ativos adquiridos.
A fonte também nega as informações de que, em uma eventual oferta secundária, após uma reabertura de janela, a Infracommerce poderia sondar um sócio de referência ou mesmo vender a participação dos acionistas.
Nesta semana, a Infracommerce publicou uma prévia dos dados referentes ao primeiro trimestre de 2022, evidenciando forte elevação na receita e na margem de Ebitda. A divulgação foi avaliada por alguns gestores como uma maneira de tranquilizar o mercado, depois da perda de 25% do seu valor.