O indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda mostrou que as famílias menos favorecidas seguiram sofrendo mais com a aceleração inflacionária em junho.
Os benefícios de se ter um assessor de investimentos
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, todos os segmentos de renda sofreram com as altas puxadas pelos alimentos, mas as famílias mais pobres puxaram a fila.
Os dados divulgados no site oficial do órgão nesta terça-feira (14) apontaram que esta faixa sofreu um impacto de 0,32% em junho, enquanto a faixa composta por famílias mais ricas sentiu um aumento de 0,21%.
Alimentos puxam alta da inflação
Os alimentos foram os maiores responsáveis pelo peso extra no bolso, com alta de 24% entre os mais ricos e 34% para os menos favorecidos.
Cereais, com reajustes médios de 3,5%, leites e derivados (1,7%) e carnes (1,2%) foram os alimentos que mais subiram de preço no período.
As famílias com menor renda também sofreram grande impacto com as altas dos artigos de residência (1,3%).
Segundo o Ipea, a inflação foi maior entre aparelhos eletroeletrônicos (+3,3%) e consertos e manutenção (+1,2%), “repercutindo o aumento da demanda de bens e serviços impulsionados pela pandemia de Covid-19”.
O reajuste de 3,4% no preço dos combustíveis impactou todas as faixas de renda, enquanto o de 2,1% nos consertos de bicicleta refletiu o aumento do uso desse meio de transporte durante a pandemia.
Inflação acumulada em 12 meses
O indicador Ipea apontou também que houve uma aceleração na curva de inflação em todas as faixas de renda no comparativo dos últimos 12 meses.
Dúvidas sobre como investir? Consulte nosso Simulador de Investimentos
Segundo o órgão, nos últimos doze meses a inflação dos segmentos de renda mais baixa aponta alta de 2,8%, situando-se em patamar superior ao das famílias de maior poder aquisitivo (1,6%).
Em entrevista para a Agência Brasil, a técnica de Planejamento e Pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea, Maria Andreia Parente Lameiras, explicou o porquê desses números.
Segundo a especialista, é preciso ratificar que, nos últimos meses, a pandemia provocou alterações no consumo em todas as faixas de renda, com efeitos que não podem ser captados pelas medidas de inflação, uma vez que elas foram construídas com base em pesos fixos definidos conforme a última Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.
“Desse modo, é provável que a alta dos alimentos esteja impactando ainda mais todas as classes de renda, dado que aumentou o consumo de alimentos no domicílio e, por conseguinte, o peso deste grupo nos orçamentos familiares. De maneira similar, a queda de 55% nos preços das passagens áreas gera um forte alívio sobre as taxas de inflação da população mais rica, mas que, de fato, não se traduziu em melhora de bem-estar, tendo em vista que o gasto caiu fortemente no período recente”.
Planilha de ações: baixe e faça sua análise para investir