A guerra na Ucrânia, o alto preço do petróleo e a busca por combustíveis verdes menos poluentes estimula cada vez mais o mercado de biocombustíveis, o que representa grande oportunidade para os produtores brasileiros e um motivo de atenção para quem investe.
Nas últimas semanas, a guerra na Ucrânia, além da dor e do sofrimento das inúmeras vítimas e dos milhares de refugiados, produziu também um retrocesso ambiental, com muitas nações europeias utilizando carvão em larga escala para geração de energia em razão da interrupção do fornecimento do gás russo. Essa medida emergencial está sendo vista por especialistas no setor de biocombustíveis como um indicador da necessidade de reforçar o processo de transição para uma economia de baixo carbono.
Grandes mercados consumidores como EUA, França e Índia estão usando cada vez mais etanol. Esse crescimento no consumo de etanol melhora muito o cenário para os produtores de açúcar no Brasil, pois com países consumindo mais etanol o preço do açúcar tende a subir, o que pode beneficiar os exportadores brasileiros desse produto.
Por essa razão é interessante ficar atento com ações como Cosan (CSAN3) e Jalle Machado (JALL3). Outra alternativa são os ETFs, fundos de índices que têm suas cotas negociadas no pregão da B3 como se fossem ações.
Desarticulação do mercado de energia europeu
A guerra na Ucrânia pode, portanto, impulsionar o consumo de etanol na Europa. A desarticulação no mercado de energia europeu produzida pelo conflito deverá levar países a reduzir sua dependência aos combustíveis fósseis e buscar mais diversificação, ampliando suas matrizes renováveis.
Alex Giacomelli, diretor do Departamento de Energia do Ministério das Relações Exteriores ao participar do evento virtual “Etanol: solução para o emprego, energia e meio ambiente”, organizado pelo jornal Valor Econômico, afirmou que nesse cenário “o etanol poderá ter um papel significativo, não apenas para o Brasil, mas para o mundo”.
A desarticulação dos mercados mundiais de energia causada pela guerra na Ucrânia também mostrou o alto grau de vulnerabilidade de várias nações em relação a certas fontes de energia, principalmente as energias fósseis.
No curtíssimo prazo, o carvão é uma solução. Porém, a crise gerada pela guerra indicou a necessidade da diversificação de fontes para muitos países. Nesse sentido, o etanol ganha um papel mais significativo.
Crescimento do etanol no mercado global
Em 2005, quando os Estados Unidos decidiram utilizar 10% de etanol na gasolina, isso significou migrar 140 milhões de toneladas de milho daquele país para a produção de etanol. Com boa parte da safra norte-americana de milho voltada para a produção do biocombustível, o Brasil acabou ocupando esse espaço no mercado internacional.
Com isso, o milho futuro, um contrato negociado no ambiente da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&FBovespa) da B3, ganhou força no Brasil.
Agora, os Estados Unidos estão discutindo aumentar para 15% o total de etanol na gasolina. Caso isso ocorra, será mais uma oportunidade para esse setor no Brasil.
A Índia, por sua vez, decidiu nas últimas semanas misturar 20% de etanol na gasolina, o que significa remover 60 milhões de toneladas de cana do mercado internacional.
Já a Indonésia está discutindo a hipótese de misturar 40% de biodiesel no diesel, o que representa mais abertura no mercado internacional de óleo.
Segundo Marcos Fava Neves, especialista em agronegócio, o Brasil é um país capaz de expandir a área de maneira sustentável, produzir mais açúcar e etanol e ocupar esse espaço no mercado internacional.