O Banco Central (BC) anunciou nesta quinta-feira (20) duas medidas que alteram as regras dos depósitos compulsórios dos bancos que, juntas, devem injetar R$ 135 bilhões na economia.
A primeira medida foi a redução de 31% para 25% da parcela dos depósitos a prazo que os bancos não podem mexer e ficam no BC. Desta forma, cerca de R$ 49 bilhões poderão ser liberados e usados, por exemplo, para empréstimos e financiamentos, a partir de 16 de março.
A segunda medida foi a redução da parcela que os bancos têm que manter para enfrentar eventuais crises de liquidez em momentos de estresse, o chamado Indicador de Liquidez de Curto Prazo (LCR). Com essa medida, mais R$ 86 bilhões podem ser liberados a partir do dia 2 de março.
A expectativa do governo é que o aumento dos recursos disponíveis possa ativar a economia e o consumo, por meio de operações de créditos a pessoas e empresas, inclusive imobiliário.
Redução
Segundo o BC, em decorrência das duas medidas, o porcentual de cada nova captação de depósito deve se reduzir em média em 8,5 pontos percentuais. “Sob a perspectiva de estabilidade financeira, os recolhimentos compulsórios sobre recursos a prazo, em certas circunstâncias, podem servir a propósitos similares aos do LCR, apesar de serem instrumentos distintos”, diz o BC. A autoridade monetária também explicou que recolhimentos compulsórios podem servir como mecanismo de incentivo à redistribuição de liquidez no sistema e de suporte à estabilidade financeira, “como ocorreu ao longo da última década”.
Estabilidade
Ainda de acordo com o BC, as medidas são consistentes com as regras prudenciais internacionalmente recomendadas e a manutenção da estabilidade financeira do Sistema Financeiro Nacional, apenas mitigando sobreposições entre os instrumentos.
Tá, e aí?
Para o assessor de investimento da Wizir Research, Paulo de Souza, a decisão do BC é muito importante, diante das diversas estimativas de crescimento tímido do país em 2020.
“A injeção de liquidez feita por meio dos depósitos compulsórios é muito importante para o aquecimento da economia. Diante da expectativa de menor crescimento, o governo quer que esse dinheiro entre para a economia real e ajude na expansão do PIB”, afirmou.
Bancos
A liberação de recursos para o sistema financeiro não significa, no entanto, que os bancos vão utilizá-los em novas operações de crédito a empresas e famílias – embora a expansão do crédito costume ser um dos objetivos do BC em medidas assim.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já mencionou, em outras ocasiões, que desde sua chegada à instituição, no ano passado, já haviam sido liberados cerca de R$ 20 bilhões em compulsórios.
Ele reconheceu, no entanto, que o dinheiro ficou “empossado” nos bancos – ou seja, não foi necessariamente utilizado pelas instituições financeiras em novas operações de crédito.
Campos Neto afirmou, porém, que mais recentemente o BC percebeu que o dinheiro antes empossado estava sendo direcionado para operações de crédito – mais especificamente, para o crédito imobiliário.
É justamente o setor imobiliário que vem sendo citado pelo BC como aquele que está liderando a recuperação da economia brasileira.
(com Estadão Conteúdo)